Pessoalmente, se é que isso vale algo, acho Chico Buarque um compositor brilhante, um cantor medíocre e politicamente o considero imberbe. Na época da Banda ele ainda não tinha se exilado no desconforto da Île Saint Louis. Essa pequena paródia é apenas uma carona sem-vergonha na magistral A Banda e uma reflexão da pátria subtraída, na expressão do bardo. Menções a mensalões e outros “ões” ficam a critério da coloração política do leitor. O bandoEstava bem indeciso Duda Mendonça chamou Para votar no PeTê Lulinha paz e amor. E tanta gente sofrida Pensou livrar-se da dor E foi votar no PeTê Lulinha paz e amor. O pobre diabo que não tinha dinheiro votou O palanqueiro que contava vantagem contou E quem sonhava com o Fome Zero Votou para ver essa nova miragem A marolinha que virou um tsunami cresceu O Manteguinha os cordões da bolsa abriu E a tigrada toda se assanhou Votou na Dilminha E então deu no que deu O aposentado se esqueceu do cansaço e pensou Que tinha vindo a bonança ... por isso dançou A dona Dilma fechou as janelas Pra não ouvir mais O som das panelas A coisa piorou mas o Guido insistiu O rombo que estava escondido surgiu A Economia toda enfeou E foi a debacle que o governo causou E pra total desencanto O que era doce acabou Agora vem o ajuste Depois que o bando roubou. Adeus as belas vitrines Sem Minha casa melhor Depois que o bando passou Vejam o que sobrou.
Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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