Conversa (des)afinada
De acordo com Nietzsche, “o pessimismo não é um problema, é um sintoma”. Talvez. E como evitar esse sintoma? Com a lei 9249/95, para evitar a realimentação inflacionária, aboliu-se a correção monetária dos balanços. No entanto, a inflação não desapareceu e, ultimamente, dá sinais de preocupante recrudescimento, convirja ela para a meta em 2016 ou 2017. Ao longo desses 20 anos, as demonstrações financeiras de inúmeras empresas capitalizadas, per faz et nefas, tiveram de ser falseadas, apresentando lucros inflados e consequentemente, havendo tributação, voraz ou não questão de gosto, com IR e CSLL igualmente inflados. Com a introdução dos JCP, tentou-se, de maneira ‘torta’ atenuar esse efeito. Agora, das retortas dos aprendizes de feiticeiros, nasce uma MP “simpática” que, se aprovada, aumentará a CSLL das instituições financeiras e acabará ‘suavemente’ com a prática dos JCP de todas as empresas. A consequência, sem pessimismo exagerado, será causar danos irreparáveis à saúde financeira das empresas. Não será um efeito imediato, mas num horizonte maior, é para isso que se caminhará. Portanto, o sintoma se transformará em problema, com a permissão do filósofo. Um esqueleto a mais, importar-se quem há de?
Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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