Fico sem notícias, não é fato raro Aguardando cartas, resta esperar Que de certa forma irá infirmar O que já pressinto, através do faro. Mas neste momento, fruto do progresso, Toda residência tem computador. Então, já vislumbro o meu salvador, Já que simplifica tanto o processo. Paira na lembrança uma velha história. O dono de um burro tentou inovar, Uma nova dieta tentou implantar. Com aquele burro, procurou a glória. A ração diária foi diminuindo. Se tivesse lido Maquiavel, talvez Teria feito todo o mal de uma vez. Iludiu-se vendo o burro resistindo. Reduziu a zero, como desejado, Já se preparava pra comemorar. Foi fatalidade ou, então, azar, Encontrar o burro morto, estirado. Vendo o desastre, lamentou decerto Já que a experiência decorria bem, Tudo andava certo, a menos de um porém Que pôs tudo a pique, mesmo estando perto. (*) Do livro “Desespero Provisório”
Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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