“Vamos ser pedras?”
Num deserto de ideias, vale a pena enganar O povão só vê novela, ele há de aceitar O PT de roupa nova privatiza em surdina Mas a “nossa” é diferente, temos o mapa da mina. O discurso nunca muda: jogar pedras nos tucanos Passatempo favorito que deu certo muitos anos Eles “vende” o bem do povo e “consegue” preço vil “Nois”, guiados pelo Lula, resgatamos o Brasil. Dos tucanos ruins de bico veio a ‘privataria’ O PT, sempre do contra, sabotou quanto podia Mas agora, oh surpresa, instalados no poder Ao notar que vinha a Copa, decidiu se desdizer. Segue tudo como antes, promoveu-se um leilão Vai Cumbica, Viracopos, a seguir o Galeão O dinheiro, ora essa, vem de fundos de pensão Então, qual a diferença? AH, AGORA É CONCESSÃO! Sobram esclarecimentos, ilustrando a diferença. Ora, cale-se golpista, é maior que você pensa Tudo bem, mas eu insisto, diz o crítico teimoso, Só porque agora é Dilma e não mais o tal Cardoso? Sem resposta à altura, o remédio é apelar. Nem havia antes de Lula um Brasil pra mencionar. Os blogueiros progressistas e a turma do agito Batem firme, cospem fogo, para defender o mito. Hoje tudo é diferente, vejam no retrovisor, Quem nos elevou ao topo foi Lulinha, paz e amor. O PT é onisciente, o PT é bom, é.... Manuais do MEC consignam: Lula inventou a roda. Um escândalo por vezes turva de repente a cena A gandaia anda solta. E a corrupção? Obscena! Mas decerto é circunscrita, só envolve o baixo clero Nosso Guia Luminoso nos tirou do “marco Zero” Elegeu a sucessora tecnocrata de valor Mãe do PAC é competente. Pé no acelerador. Lehman Brothers, que bobagem, é apenas marolinha Tudo isso é besteira, ela passa depressinha. Tudo pronto para a Copa. Nota-se algum atraso Valcke chia, mas que diabo, não vamos criar um caso! São apenas pessimistas, e só fazem Zunzunzum. A resposta vem no campo, um sonoro sete a um. Uns escândalos pipocam envolvendo a Petrobras Mas todo o petróleo é nosso e a turma é capaz. De repente, surge um nome pronunciado em surdina É maracutaia, dizem – fala-se em Pasadena. A notícia se espalha e a coisa é delicada Lula não sabe de nada, Dilma fica ‘irritada’ Para estragar a festa, para poluir o clima, Vem à tona outra bomba: Chama-se Abreu e Lima. Que abacaxi solene num ano de eleição Mas por sorte do governo não tem mesmo oposição Com discursos e promessas o remédio costumeiro O Brasil correu às urnas e elegeu... o marqueteiro. Começou dois mil e cinzas, chega a hora da verdade Um pibinho, inflaçãozinha – chega de mendacidade Joga-se a ‘matriz’ no lixo, já não há mais pedalada A verdade aparece não dá pra ser abafada. Temos déficit primário, nossa nota é rebaixada Dilma faz o seu discurso, só que não resolve nada Uma luz no fim do túnel essa tal de Lava Jato. Permaneçam nas poltronas, lá vem o segundo ato.
Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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