Nos dias 28/02 e 01/03, participei do curso de formação de coletores de sementes na Fazenda Marafunda, propriedade da família Meirelles. Este curso surgiu devido ao aumento da comercialização da polpa da juçara e falta de mão de obra especializada na coleta de seus frutos. Na Fazenda Marafunda há caiçaras que sobem na juçara com a maior facilidade pois faz parte da relação cotidiana entre o homem e seu meio ambiente. No entanto sentiu-se a necessidade de um trabalho preventivo contra acidentes devido à quedas e a permitir que qualquer pessoa em condições físicas normais possa coletar não só a semente da juçara mas de outras plantas altas. Para isso, o curso teve uma parte prática de elaboração de nós em cordas e atividades de subida próprias do rapel e do alpinismo. Como se sabe, a palmeira juçara estava em extinção devido ao seu corte para aproveitamento do seu palmito. Com o uso de sua polpa, houve uma nova forma de geração de renda e estímulo ao seu plantio e a sua preservação. Como a juçara só se desenvolve na sombra, seu cultivo depende da preservação da floresta nativa ou em consórcio com outras árvores. Na Fazenda Marafunda esse plantio é consorciado com o cultivo do cacau, que é uma outra planta que requer sombra para melhor produção. Na Fazenda também há outras atividades agropecuárias, inclusive a compostagem e produção de adubo, tornando-se um espaço adequado para a realização de cursos voltados para as questões relacionadas à agrofloresta e a agropecuária, os quais têm sido realizados em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ubatuba, com a Prefeitura Municipal e com o Instituto Bacuri. O Instituto Bacuri, instituição cadastrada no CMDCA – Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente – tem-se firmado como um captador de recursos para financiar projetos sociais de formação e desenvolvimento. No sábado, à tarde pudemos ter idéia da articulação dos pequenos produtores agropecuários, pois houve uma reunião para tratar da melhor forma de fornecer alimentos para a merenda escolar. Também houve divulgação e inscrição para um novo curso de olericultura. No domingo, no final do curso discutiu-se a necessidade de estudos sobre a flora e a fauna da região. Decidiu-se pela continuidade de encontros para troca de experiências e avaliação dos resultados.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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