Vou voltar à ponte da Ressaca, recentemente levada pelas águas. O comunicado oficial disse que seriam necessários setecentos e cinqüenta mil reais para a reconstrução. Fiz um estudo preliminar, sobrecarregando nas margens de segurança. Com pista dupla, trinta e dois metros de comprimento e construída em concreto, a ponte custaria quatrocentos e vinte mil reais. Setecentos e cinqüenta mil dá para fazer duas pontes. Uma na Ressaca, outra na Maranduba. Um problema a ser enfrentado é a largura do rio no local da antiga ponte. Em 1996 tivemos uma enchente de grandes proporções, que causou muitos estragos. Conversando com moradores antigos da cidade eu soube que o bairro costuma alagar. A razão principal é o estreitamento que há no rio, exatamente onde se situava a antiga ponte. Funciona como barragem. Em caso de chuvas intensas a calha não suporta o volume de água que o rio colhe ao longo do percurso. Principalmente a grande quantidade que desce a serra. Represado, o rio transborda, e isso causa todo o tipo de transtornos. Com o aquecimento global e as decorrentes mudanças climáticas, o problema tende a se agravar. Uma forma de prevenir enchentes seria alargar o leito do rio no ponto em questão. Depois construir uma ponte para servir pedestres, ciclistas e motociclistas. Uma ponte bem desenhada, bonita, integrada na paisagem, capaz de provocar admiração, encantar. Essa é a função da arquitetura. Sempre é bom lembrar que fazer bem-feito não tem custo extra, é questão de formação, cultura, vivência e talento.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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