Acabou o racismo no Brasil. Por decreto. O jogador argentino que ofendeu Grafite, atleta do São Paulo, cidadão afro-brasileiro, foi preso e humilhado. Pagou caro pela audácia. Dormiu na cadeia, além de ter sido fotografado com algemas. Ele apenas fez em campo o que a maioria dos torcedores brancos do São Paulo faz nas arquibancadas. Quando Grafite perde um gol gritam negão burro e coisas afins. Deveriam gritar cidadão afro de "QI" baixo, seria mais apropriado. O racismo vai demorar para ser banido dos corações brasileiros. Somos um país racista. E cruel, extremamente cruel. Somos também filhos da contra-reforma, por decorrência hipócritas. É difícil julgar o jogador argentino. Evidentemente ele errou. Será que a punição foi justa? Qual o branco de classe média que nunca fez algo semelhante? Ademais, dentro de campo ou de quadra, no calor da disputa, muito do que é dito deve ser relevado. Tudo indica que houve exagero, tempos socialistas, tempos de espetáculo. A catarse futebolística parece ter extrapolado para as infinitas rivalidades entre Brasil e Argentina. Na primeira oportunidade os "muchachos" vão revidar. Que a coisa fique restrita ao âmbito futebolístico, de resto, praia de alienados. O racismo quase sempre está associado à prepotência econômica, os negros são xingados nos estádios, mas quando enriquecem mudam de cor. Passam a freqüentar ambientes de brancos, onde são bem recebidos. Por essa razão acho que as punições ao racismo deveriam ser de ordem econômica. Multas, pesadas multas. Racistas têm de sentir dor no bolso, a única parte sensível que possuem.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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