O Brasil em polvorosa, vamos ter de eleger Nosso novo timoneiro, vem um novo amanhecer. Timoneiro ou timoneira dúvida superficial, Que resolva o problema isso é o essencial; Lula inventou a Dilma, disse ser ele um craque A gerente competente, imbatível mãe do PAC Subiria nas pesquisas, se não fosse um empecilho Com o tempo ficou claro, o problema era o filho. Mesmo assim, Dilma eleita, foi aquilo que se viu Começou com a faxina e depois desiludiu Seu estilo se resume em “eu sei fazer melhor” Corta juros, sobe juros. Devagar com o andor. E agora, quer mais prazo, e expõe róseos planos Diz o Lula: imagine Dilma em mais quatro anos. Virá a prosperidade, um futuro cor de rosa. É bonita a poesia, mas política é prosa. A saúde, a segurança, são vergonha nacional A educação padece – Sim mas temos o pré-sal! Truques mil com pedaladas, virou um sarapatel Faltam portos, tomem porto – é o porto de Mariel! Retirou vários milhões de miséria trombeteou Só não conta o detalhe, onde é que os colocou? Comparece nos debates com o seu ar imperial Descobriu, foi a primeira, a pedra filosofal. Soberana, de início, vai caindo nas pesquisas “Tu te tornas responsável por aqueles que cativas” Mas o eleitor ignora quem foi Saint Exupéry E procura alternativas. Eis que surge a Ceci. Conviveu com Chico Mendes, e o seu olhar profundo Cativou os eleitores com sua visão do mundo Crescimento sustentável, protetora foi dos bagres. Ela é a detentora do segredo dos milagres. Para governar é simples, diz brandindo o missal Juntar gente competente, nada é mais natural. Dizem que possui defeitos. Todo mundo tem os seus. Mas o trunfo escondido é sua HOT LINE com Deus. Não criou o seu partido. O Brasil é complicado. Sem firmas reconhecidas, o projeto fracassado Renasceu de outra forma, nessa torre de Babel O PSB, de pronto, foi barriga de aluguel. O que antes parecia rematada idiotice Resultou em aliança com Marina para Vice. Um jatinho espatifado, pavoroso acidente “Foi a mão da Providência que a leva a presidente”. Pode ser que ainda falte algo do “Physique du role” Mas com bola levantada saberá fazer o gol? Essa dúvida procede e a muitos atormenta. Ela tem musculatura pra ser nossa presidenta? Para completar o trio, claro, falta o terceiro É um moço bem-falante que sonha ser o primeiro. Nada que o desabone. Foi um bom governador Neto de Tancredo Neves e por Minas senador. Não roubou – que fato raro! Não entrou em Mensalão Parecia ser tão fácil por ser da oposição As raposas, se reúnem e em tom confidencial Dizem: Ele é inviável, por ser neoliberal. E o tal campo de pouso, lá em Minas como fica? A fofoca corre solta, cresce e se amplifica Mas omite um detalhe. Esquecido por inteiro Eis que o argumento vira e se torna traiçoeiro Faltam-nos aeroportos, eu prometo oitocentos Disse-nos a presidenta, e foi num desses eventos Bem montada num palanque sem ninguém que a reprove. Tudo bem, já faltam menos, faltam sete nove nove. Por enquanto, ao menos, todos falam em mudança Os herdeiros polemizam – e discutem a herança. De tanto mudar o velho um ao outro atazana. O debate tem um nome “Comercial da Lusitana”.
Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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