Outro dia fui convidado a participar como entrevistado do dia num telejornal da TV regional. Terminei minha entrevista falando da situação precária de conservação das obras que está acarretando a queda indiscriminada de edifícios e pontes. Nos últimos tempos tenho participado de vários ensaios de durabilidade de pontes pertencentes a estradas federais, o que tem me deixado intranqüilo com relação à segurança dessas obras. Muitas pontes de Ubatuba não fogem à regra, principalmente as que servem de acesso aos bairros. Não bastasse a péssima conservação de algumas pontes do município, ainda existe o fato de que muitos locais não têm acesso por falta de uma única ponte. Alguns casos são mais dramáticos como os dos pequenos produtores de bananas que não têm como ampliar a produção pelo simples fato de não ter como escoá-la, sendo obrigados, pasmem, a carregar os cachos atravessando o rio a pé. É claro que num município como Ubatuba, rico em corpos d’água a necessidade da construção de pontes é grande, mas chegou o momento de organizar os sistemas viários de forma a promover o desenvolvimento do município que já não pode mais esperar. Que a última tempestade que não acabou em bonança, mas sim em inundação desperte em todos, munícipes e municipalidade, a vontade de reorganizar de vez por todas o município fazendo projetos de macro-drenagem e reconstituição do sistema viário. Nas últimas décadas, Ubatuba só tem andado de ré, ignorando a evolução dos tempos e das mais modernas técnicas de planejamento. A cidade abandonada aguarda ansiosa sua redenção. Não há mais tempo a perder. Que todos se levantem desse estado marasmódico e ajudem a construir a ponte mais importante do município: a ponte que unirá Ubatuba à civilização moderna, onde em primeiro lugar se avistará o resgate à cidadania e o respeito da municipalidade para com seus munícipes remindo o amor perdido dos habitantes e visitantes pelo município, para depois incluir esse pequeno município, chamado por seus próprios residentes, de curva de rio, para o primeiro mundo onde acima de tudo impera o respeito mútuo entre munícipe e município. Que após a próxima tempestade venha de fato a bonança.
Nota do Editor: Ricardo Yazigi é engenheiro civil, mestre em ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
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