A chacina da Baixada Fluminense foi tão hedionda como a matança dos judeus na Segunda Guerra Mundial ou o genocídio do Camboja. A repercussão será pequena. Morreram apenas parias, gente do povo, amanhã estarão esquecidos. Os assassinos agiram com a certeza da impunidade. Ainda que sejam descobertos não receberão castigo à altura do crime cometido. No Brasil as coisas vão mal, apesar da propaganda oficial dizer o contrário. É apenas tática para manter Lula no poder e os banqueiros cada vez mais ricos. Quem tem contato com o mundo real sabe que os indicadores estão piorando. O festival de hipocrisia que campeia é inacreditável. Provoca enjôos cada vez que algum assunto polêmico ganha as manchetes. Por exemplo, o aborto. Quem pensa que o aborto é proibido no Brasil se engana. Ele é livre e praticado nos melhores hospitais, por médicos conceituados. Basta ter dinheiro. O mesmo acontece com a eutanásia. Para os pobres, fazer aborto significa ir para o inferno. Ricos não têm esse problema. As drogas também são tratadas de forma a enganar ingleses. No Brasil os donos do poder se orgulharam de ter enganado os ingleses na época do tráfico negreiro. Como conseqüência da esperteza a Inglaterra ficou mais rica e o Brasil nunca saiu da condição de devedor. Quem enganou quem? A classe média é a grande consumidora de drogas. O morro se encarrega de fornecer. A burguesia finge indignação com a violência, mas não para de se drogar e financiar traficantes. Seria mais lógico mudar as regras do jogo. Se alguém vai ganhar com a venda das chamadas substâncias ilegais, que seja o governo. As drogas devem ser liberadas e taxadas pesadamente. Os preços altos vão inibir o consumo. O Brasil precisa encarar a realidade antes que a guerra civil se instale definitivamente. É preciso avaliar se a relação custo-benefício da hipocrisia compensa. Tudo indica que não. Um dia as chacinas acontecerão em shopping centers da burguesia. Aí haverá choro e ranger de dentes.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).