Há muitos anos acompanhei a manobra de atracação de um petroleiro. É uma tarefa de extrema responsabilidade. Quem executa tal trabalho é o "Prático". Ele substitui o comandante e dá as ordens até que o navio esteja finalmente atracado. É um trabalho rendoso, práticos ganham bem. No entanto é preciso muita habilidade para exercer tal profissão. Sem as qualificações necessárias seria um verdadeiro desastre. Navios têm muita massa e conseqüentemente muita inércia, ou seja, são difíceis de colocar em movimento e difíceis de parar. Se um capitão de navio quiser encostar sua embarcação sem o auxílio do prático e, se isso resultar em acidente, o seguro não será pago. Lembrei-me desse fato ao pensar nas nomeações que os políticos fazem. Dificilmente obedecem aos critérios do bom senso e da capacidade profissional. Nomeiam amigos e correligionários, vale a simpatia pessoal. Se fosse para administrar uma firma própria, seriam mais cuidadosos. Com o que é público vale tudo. Depois, quando o barco afunda, não sabem o porquê. Ou fingem não saber. Sem a presença de alguns práticos não há administração que consiga prosperar. É certo e seguro. Ou melhor, sem prático não há seguro.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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