Fiquei um bom tempo sem mexer nas prateleiras com mudas. Aqui em Ubatuba o mato cresce rápido e ao tentar arrancar as ervas daninhas descobri que algumas sementes tinham germinado no potinho de sorvete. Lá estava escrito: cambucá. Fiquei muito feliz porque é uma árvore bonita, parecida com a jabuticabeira mas com folhas e frutos maiores. O fruto maduro é amarelado. É uma árvore quase em extinção. Já identifiquei uma em uma residência da Gastão Madeira, quase em frente à Secretaria de Educação; e outra, no início da Rodovia Oswaldo Cruz, ao lado do Motel. Havia ganhado as sementes de um vizinho. Eram as últimas e poucas. Hoje, ao chegar ao Instituto da Árvore, vi que na beira da BR-101 haviam jogado podas de árvores. Fui lá olhar e fiquei impactado: eram troncos de um cambucazeiro. Mais uma árvore condenada pelo crime de soltar folhas e sujar o quintal. Não sabia que isso iria acontecer, mas nesta semana apresentei a seguinte proposta para a Semana da Mata Atlântica: uma caminhada para observar e registrar em fotos as árvores da Mata Atlântica que ainda sobraram no centro de Ubatuba antes que desapareçam.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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