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COLUNISTA
Sidney Borges
23/04/2004 - 12h05
Terror ao vivo e quase em cores
 
 

A cena poderia ser parte de um filme de Quentin Tarantino. Filmada no contra-luz exibia os protagonistas como silhuetas animadas. Figuras escuras, sem identidade cujos movimentos sugeriam coreografias sendo ensaiadas. Lenços amarrados nas cabeças e pedaços de pau agitados no ar compunham o quadro geral.

Era um espetáculo ao vivo. Cada vez mais a vida imita Hollywood.

Agrupados sobre um telhado, os atores, ou melhor, os presos da cadeia de Porto Velho acenavam para as câmeras e para as centenas que pessoas que do lado de fora dos muros da prisão, assistiam ao espetáculo.

Eram, na maioria, parentes dos presos reconhecendo filhos e maridos entre os amotinados. Eu assistia de longe, estava num estabelecimento comercial. De repente, todos juntaram-se próximos à televisão. Os presos estavam matando um colega a pancadas. Em seguida o corpo foi lançado telhado abaixo. A queda em si teria sido fatal. Mataram por sadismo e para exibir força, depois festejaram com os braços para cima, como torcedores nos estádios. Comemoraram a morte como comemoram um gol.

Do lado de fora um homem desesperado arrancava os cabelos. O supliciado era seu filho. Ele implorava para que não fizessem aquilo, em vão, o garoto foi assassinado.

A câmera explorou às náuseas o sofrimento do pai. Seremos todos sádicos? Na loja, uma senhora entrou em estado de aflição extrema. Depois eu soube que ela tem um filho preso. Traficante, felizmente ele não está em Porto Velho.

Enquanto o apresentador vociferava contra a tolerância das autoridades fui-me embora, sem poder tirar a cena macabra do pensamento. Já vimos situações como essa, a falta de ação encorajará outras iguais.

O estado está amarrado, se não age é criticado, se age é mais criticado. Melhor esperar que as coisas se ajeitem sozinhas.

Lembrei-me dos seqüestradores do empresário Abílio Diniz. Bandidos acabaram alçados à condição de mártires. Campanhas e campanhas foram feitas para soltá-los.

Libertados, encorajaram outros aventureiros internacionais.

A nova vítima foi Washington Ollivetto. Presos, os seqüestradores imaginavam que haveria uma forte pressão pela sua libertação.

Não contavam com a eleição de Lula.

Norambuena, o chefe, vai apodrecer na cadeia. Estava no lugar errado em época errada. Se o companheiro Lula tivesse perdido as eleições, a história provavelmente seria outra.

Dois pesos e duas medidas, a razão das mazelas nacionais.


Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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