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COLUNISTA
Alexandru Solomon
01/03/2012 - 08h35
Ecos do Oscar
 
 
Conversa (des)afinada

Lucy varou a madrugada acompanhando a cerimônia do Oscar. Entre um cochilo e outro, durante os comerciais, resolveu confidenciar-me impressões recolhidas on-line das mais diversas fontes. Estou avisando... Trata-se de explicações absurdas, mas, francamente, perder para Man or Muppet doeu. Se esse tal Bret McKenzie não sabe se é homem ou Muppet, ele que consultasse um bom psi, que o ajudaria a resolver essa dúvida existencial, ou que o digno profissional diagnosticasse tratar-se de dupla personalidade, patologia de “fácil” tratamento. Diante da desdita, foi necessário procurar explicações, já que sobrou a sensação de perder no par ou ímpar, ou no vermelho e preto da roleta. Nem houve o consolo de dizer: fomos os primeiros dos últimos, pois nosso complexo de Narciso às avessas encarrega-se de frisar que não ficamos à frente de ninguém. Apareceram explicações aqui resumidas e devidamente qualificadas por Lucy, que resolveu dedicar-se a uma investigação, que, se peca pela superficialidade, tem ao menos o mérito de nos levar à conclusão à qual chegou nosso simpático fóssil.

“Obviamente, uma bobagem (em dose tripla)”, teria advertido Lucy. Foi impossível explicar a Lucy o que era Muppet, ela preferiu dedicar-se a um estudo dos princípios da termodinâmica. Virou as costas para sua entourage e deixou esse bilhete com sua caligrafia inconfundível. Alguns comentários às conclusões de nossa ancestral são de autoria do think tank que acompanha os desdobramentos da permanência de Lucy entre nós. O texto que segue, embora procure manter-se fiel aos tópicos levantados por Lucy está marcado por algumas digressões, perfeitamente desculpáveis.

Se dançamos, com nossa música original foi por três razões, que podem ser consideradas isolada ou conjuntamente. Note-se que, de imediato, Lucy vestiu nossa camisa, o que pode ser constatado a partir do emprego da primeira pessoa do plural.

· 1. Não houve meio de arrancar o envelope do ’And the winner is...’ a tempo. “Nosso pessoal” ficou olhando os vestidos Versace, Louis Vuitton, com seus resplandecentes conteúdos, e perdeu a concentração e o timing. Sem contar que os mais hábeis estavam enrolados com a Justiça daqui. Pelas regras da FIFA não são permitidas mais de três substituições. (Confusão perdoável, já que a FIFA não tem nada com isso. Está preocupada com a marca autorizada das bebidas, meia-entrada para estudantes e idosos e outras quizilas). “É isso que dá contemplar decotes. A empreitada tinha todas as chances de fracassar, pois, sem dúvida, haveria uma cópia de segurança, como foi (ou não foi) o caso no desfile carnavalesco de Sampa” - sentenciou Lucy. Comenta-se à voz pequena que Lucy teria exigido um par de sapatos Louboutin para poder participar de eventos comme Il faut. Há emendas parlamentares que já pretendem integrar o Orçamento 2012, onde entre pontes, estradas vicinais, açudes e outros tópicos consta o par de sapatos - devidamente superfaturado.

· 2. Real in Rio perdeu, pois a Academia resolveu atender Guido Mantega que declarou que não permitirá a valorização do Real (houve um problema de comunicação - eles não entenderam o espírito da coisa...). Nada a ver com o Espírito das leis de Montesquieu, que recebe, por aqui, uma interpretação sui generis. Lucy havia concluído a leitura do L´Ésprit de lois na versão de 1748 e estava muito à vontade para discorrer sobre o assunto.

· 3. A explicação mais estapafúrdia partiu de uma fonte que deu declarações em OFF, exclusivamente para a Lucy, exigindo o anonimato. Lucy respeitou o anonimato, mas deixou vazar a explicação: O Itamaraty teria sinalizado que a estatueta não levaria a uma mudança da nossa política externa e que continuaríamos a mostrar a língua ao Tio Sam, fosse qual fosse a canção premiada. De acordo com a mesma fonte (reacionária, elitista e golpista) o chefe de nossa diplomacia recusou a troca de uma cadeira permanente do Conselho de Segurança da ONU por uma estatueta, que de qualquer maneira acabaria tendo a sorte da taça Jules Rimet. Lucy preferiu não emitir nenhum comentário, considerando que ao rotular o conjunto de explicações de “Bobagem”, seria ocioso perder-se em explicações teleológicas.

Bem, como dizem nossos filósofos: Oscar é assim mesmo, vamos levantar a cabeça e partir para outra.

Seria o caso de se instaurar uma CPI? De qualquer maneira, Lucy não pretende desperdiçar seu tempo recolhendo assinaturas, pois tem em relação às CPIs uma incompreensível aversão.


Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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