| Marcio Verdi - FloraRS | | | | Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin |
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Estava descendo da Pedreira quando minha atenção foi despertada por uma mancha branca prateada entre as copas das árvores. Já havia visto de longe, no alto do morro, quando caminhava entre o trevo do Pescador e a entrada da Pedreira. Também já havia visto de perto os troncos eretos, semelhantes a postes elétricos mas com uma bonita copa verde brilhante. O recente desbaste de árvores na beira da BR-101 executado pelo DNIT fez com que se destacasse a beleza dos jacatirões (Miconia cinnamomifolia). Apesar de sua beleza, não vi nenhum exemplar nas praças de Ubatuba. Observando as árvores me lembrei do Rizzo. Admiro muito sua persistência na questão da observação de pássaros. Sempre acreditei na proposta embora fosse distante da realidade de meu cotidiano profissional. Mas ao discutir com os alunos sobre perspectivas de Ubatuba percebia que seu potencial turístico não era explorado, pois além de sol e praia há muito para se divulgar e vender no que se refere ao turismo de contemplação, educacional e científico. Agora, a persistência dele começa a dar resultados ampliando suas possibilidades econômicas alcançando dimensão internacional. Há uma íntima relação entre os pássaros e as plantas pois elas servem de abrigo e de alimentação e em troca os pássaros contribuem para renovação das florestas e campos disseminando as sementes. Na trilha do birdwatching, vale a pena investir no treewatching pois há gosto para tudo e a união dos dois certamente vai enriquecer o conhecimento e proporcionar novos atrativos pois temos uma variedade tão grande de plantas e nem todas florescem ao mesmo tempo. Hoje mesmo, ao me dirigir a Itamambuca, da ponte do Rio Indaiá avistei manchas cor-de-rosa na floresta. Próximo à Praia Vermelha vi árvores cobertas de trepadeiras floridas, confirmando a minha hipótese de que as manchas coloridas eram trepadeiras em flor. Cada floração tinge de diferentes cores o visual da floresta e da restinga. Oferece oportunidade para observação de outros animais e insetos, como as belíssimas borboletas azuis. Quando a Nalva começou o Instituto da Árvore percebeu que muitas crianças, sem orientação e sem alternativa de lazer, tinham como hobby a caça aos pássaros. Começou a fazer um trabalho de observação de trilhas e discussão sobre a interação entre os pássaros e as árvores. Junto a essa atividade começou a realizar oficinas de desenho, pintura e produção de esculturas em papel machê e cerâmica e, futuramente podem se transformar em guias de observação de plantas. Mas o importante de hoje é que passaram a perceber a importância de manter os pássaros vivos e sem gaiolas. Nossa variedade de plantas é tão grande que mesmo especialistas têm dificuldade em reconhecer todas as espécies e nada substitui o conhecimento direto pois há grandes semelhanças e apenas a visão não é suficiente para a identificação; às vezes é necessário recorrer ao tato e ao olfato. Um atrativo turístico de São Paulo, o Parque Ibirapuera, possui um jardim para cegos com plantas aromáticas como a cânfora e a canela. Mas é evidente que atrai também pessoas que não são deficientes visuais. Um primeiro passo é começar a fazer uma identificação das diferentes plantas existentes nas nossas praças e ruas e construirmos juntos um painel da nossa diversidade botânica. Se você gosta de fotografar e gosta de plantas, fotografe uma planta que você ache bonita ou interessante indicando onde ela se encontra. Mande para nós junto com a autorização para publicação no blog do Instituto da Arvore. Nosso e-mail é institutodaarvore@hotmail.com. Maiores informações no e-mail acima ou pelo fone (12) 3833-7701.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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