Caminhando entre o estacionamento e a loja de produtos de informática, com um HD de 40 gigabytes nas mãos, me dei conta do quanto os computadores mudaram a nossa vida.

Eu estava carregando uma caixinha pequena, de alguns centímetros cúbicos de volume. Apesar do tamanho diminuto, ela seria capaz de armazenar as informações contidas em todos os livros da biblioteca da cidade e ainda restaria espaço livre.

Se eu voltasse vinte anos no tempo e afirmasse que isso aconteceria um dia, seria tido como um visionário, sem os pés na realidade.

O que virá, não dá para prever, apenas sabe-se que os limites da informática parecem estar longe de serem atingidos e parece também que a velocidade dos avanços está aumentando.

A informática poderia ser um campo de grande valia para o Brasil conseguir recursos. A indústria de programas não requer grandes investimentos materiais, é fundamentada em capital humano. Baseia-se em idéias e criatividade.

Dois pólos de desenvolvimento tecnológico estão despontando no mundo, a China e a Índia, o Brasil poderia estar nesse time, porém não foi cogitado. Por quê?

A razão é simples, não temos o capital humano nas quantidades que o capital financeiro exige. Nossas universidades formam poucos técnicos se compararmos os números com a China e a Índia. Isso impede que o Brasil receba as atenções do capital internacional. Entretanto, esse quadro não é definitivo, poderá ser modificado. Não é tarefa fácil, porém é possível de ser feita.

Ensinar ciências e formar técnicos implica em aprimorar o sistema educacional. Os últimos governos tiveram o mérito de colocar os estudantes nas escolas, agora é preciso fazê-las funcionar. Formar um técnico em informática, com capacidade de trabalhar na frente da onda da indústria, começa com o ensino de Física.

No Brasil ensinamos essa disciplina a partir da oitava série. Ela exige como primeiro pré-requisito o domínio da língua e a conseqüente compreensão de textos.

Na área matemática o aluno necessita conhecer bem aritmética, geometria plana, álgebra e operações com vetores. Eu disse conhecer bem. Com isso pode-se iniciar o estudo descritivo da Física. Para aprofundamentos, serão necessários, no mínimo, mais oito anos de estudo. Nessa fase o estudante estará ingressando no curso de pós-graduação.

É uma jornada longa, árdua e dispendiosa. Poucos têm condições de percorrê-la, e dentre estes, pouquíssimos chegarão a propor alguma coisa relevante e que redundará em retorno financeiro.

Para competir no mercado internacional não há outro caminho.

O governo tem uma batata quente nas mãos. Precisa educar os brasileiros. A vida atual requer cérebros treinados. O país que tiver apenas mão de obra semi-analfabeta para oferecer, não atrairá parceiros com capital. Eles vão continuar indo para a China e Índia, que começaram a treinar seus rapazes há trinta anos e agora colhem os frutos.

Sempre é tempo de começar.