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COLUNISTA
Alexandru Solomon
27/05/2011 - 07h01
A fumaça amiga
 
 
Conversa (des)afinada

Calma, gente! Há um excesso de açodamento. As explicações do ministro Palocci virão, ou alguém duvida? Mas é preciso respeitar a ordem cronológica. Primeiro, os prometidos pingos nos Is de José Dirceu, depois os ’novos pingos’, os neo-pingos. Ordem! E o progresso virá! Por enquanto, só existe um coro de invejosos por não ter a competência necessária de multiplicar seus haveres sem mexer nos deveres, ou até mexendo... Há quem aposte na amnésia coletiva? Talvez.

Os Hercules Poirot de ocasião apresentam arrazoados que, nos romances de Agatha Christie fariam os culpados confessar. Mas isso ocorre nos romances, no reino do imaginário. Por aqui, não passam de caluniadores vis.

A acusação de ter o ministro Palocci aumentado 20 vezes seu patrimônio não passa de mais uma tentativa de desestabilizar o governo. É uma aleivosia, vinda de inimigos políticos – os possíveis aliados de amanhã, é bom que se diga – tentar fixar no imaginário popular o número 20. Vinte é chocante, causa muito mais impacto que 19 ou 21, números paridos por um burocrata com viseira preta extraído de um filme de cowboys. Ou por algum tecnocrata desses que andam por aí cobertos de diplomas inúteis.

Primeiro não foram 20 vezes. Ou por acaso, depois de adquirir através da Projeto os tais imóveis dos quais detêm apenas 99% – não nos esqueçamos disso –, o ministro-chefe da Casa Civil ficou devendo 20 mil reis na padaria da esquina? Raspou o tacho – foi uma aquisição tachus raspandi? Os adeptos da futrica levantarão o problema da decoração dos imóveis que não foi incluída na contagem. Balela! Tudo foi comprado numa liquidação das Casas Bahia em 60 prestações mensais, com a entrada depois do interminável Carnaval político e com a primeira prestação em 2012. E se, por falar em entrada, por falta de liquidez, a Projeto teria dado apenas um sinal e esteja devendo os tubos?

Dividir 7,5 milhões pelos declarados 375.000 do início da caminhada qualquer um sabe. E se o dividendo, o divisor ou ambos estiverem errados? Taí uma pergunta para a qual o otariado não tem resposta.

Em segundo lugar, como diz Nossapresidenta, queremos um país sem miséria, e um pouco (mais) de miséria moral não fará diferença. Não se trata de condenar AP, impondo-lhe o uso de um imerecido sambenito, arriscam os puros, apenas encontrar uma explicação para os tais sinais exteriores de riqueza. A gloriosa Receita Federal poderia prestar esse favor à sociedade, mas aí seria quebrar sigilos, coisa que sabidamente ela não faz e nunca fez.

Enquanto a opinião pública, a zelite e a oposição dão tratos à bola, vem o contra-ataque. Parece que temos novos suspeitos, o que de imediato deixa o ministro fora do foco das (im)prováveis investigações: Como poderiam ter surgido os números do faturamento da Projeto – já não se fala mais nos imóveis e é nisso que dá misturar insinuações – bem feito! – sem um vazamento das informações do ISS? Esse dado está nas mãos da oposição! Foi obra do infame Serra, através de um aliado, claro! Talvez tenha sido o próprio que, na calada da noite, munido de uma senha roubada, ou cedida por um correligionário, extraiu as informações dos computadores do Município e atirou a farofa no ventilador. Acusar sem provas, agora pode! Não só pode como deve. É uma postura democrática e republicana! Congestionar o meio-campo, sem baixar a guarda, é a solução. Se o termômetro acusa a febre, dizer que ele foi roubado muda o estado do paciente? De repente ele se torna afebril? Essa brava gente parece se esquecer que é possível obter informações do faturamento da Projeto examinando o recolhimento do PIS/Cofins – que se a memória não me trai, incidem justamente sobre o faturamento. Mas aí, seria admitir que o vazamento foi resultado de fogo-amigo, já que essas informações estão disponíveis na área federal. Pelo menos, na ausência do fogo-amigo, é possível supor que haja uma densa nuvem de fumaça-amiga, digamos assim. Ensina a sabedoria popular que, mutatis mutandis, onde há fumaça-amiga há fogo-amigo.

Finalmente, sem desmerecer AP, que diabo de consultoria poderia dar um entendido ad-hoc em assuntos macroeconômicos às empresas pagadoras dessa ’consultoria’? Alguém imagina o Sr. AP produzindo vistosas pastas e reluzentes shows em Power Point? Afirmar sem evidências acachapantes tratar-se de tráfico de influência pode ser um desrespeito à presunção de inocência, mas por qual motivo deixar que a dúvida paire? Quem não deve não treme, logo, não teme. E quem deve?

Quanto às empresas-clientes, seriam essas mesmas entidades – peritas em apostar no longo (4 anos) prazo –, que se dispõem a pagar cachês mirabolantes para o palestrante Lula? Isso não tem a menor relevância.

Na verdade, a pizza está em marcha. Quem pagou, pagou porque quis e quanto quis, por achar o preço justo, por achar que valia a pena pagar! Rebus sic stantibus, ou as coisas estando, assim, é besteira querer que o ministro divulgue os nomes dos pagadores – seria violar cláusulas de confidencialidade. O ministro se cala ratione contractus – em razão dos contratos, e dá-lhe com pacta sunt servanda – os acordos devem ser cumpridos. Na pior das hipóteses, seremos brindados com uma verdade irretorquível: todos assim procedem desde que Cabral por aqui aportou. Logo, o caso está encerrado. O resto é choro de perdedor incompetente.

Pensando bem, com as alternativas que andam por aí, melhor com ele!


Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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