Sempre se ouve falar em retaliações por parte da Prefeitura contra aqueles que se opõem à atual administração municipal, mas agora aconteceu com alguém que se diz parceira e colaboradora. Geralmente aqueles que sofrem esse tipo de ação, preferem ficar calados com medo de mais retaliações. Assim fica difícil responsabilizar e punir aqueles que a praticam. E como diz o ditado popular “quanto mais se abaixa mais aparece”. E esse medo contagia a outros e o opressor vai se fortalecendo e as vítimas vão se tornando mais vulneráveis. O opressor se fortalece devido à omissão daqueles que sabem e se calam. Já comentei essa situação no texto “Os fuzis da Senhora Carrar” e “A visita da velha senhora”. Atitude diferente teve a Sra. Solange Cristina, esposa do conhecido vereador Maurão. Ao ser demitida por contestar a demissão de funcionários, veio a público denunciar mais essa arbitrariedade. Segundo o texto de sua carta publicada aqui no O Guaruçá (13/05/11), o Sr. Secretário de Educação teria dito que “alegando que a política de trabalho desta diretora não estava mais se alinhando com a política de trabalho da Secretaria”. Como funcionário público, o secretário deveria explicar qual é a política de trabalho da Secretaria e se ela prevê a demissão de diretores durante o ano letivo prejudicando o bom andamento do trabalho escolar. Será que o diretor é um produto descartável que pode ser colocado para fora quando faz perguntas inconvenientes? Se havia a interrupção de um trabalho que iria afetar toda a comunidade, a diretora errou ao comunicar esse fato à comunidade? Os serviços prestados pelos monitores demitidos eram relevantes? Se não eram por que foram contratados? Eram cabos eleitorais? Se eram relevantes, não havia previsão dos gastos e que o ano letivo não acaba em maio? Será que não pensaram nas conseqüências da interrupção desses trabalhos? Será que a Prefeitura está cumprindo o artigo 4º do ECA que diz: “É dever [...] do Poder Público assegurar com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.” Observem que, apenas na Escola Silvino serão prejudicadas 690 crianças, mas a demissão ocorreu em outras escolas também. Está mais do que na hora da Câmara Municipal instalar uma CPI para verificar essa situação impedindo que fatos como esse continuem a acontecer em Ubatuba.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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