Conversa (des)afinada
No governo Dilma, uma das figuras de proa é o Excelentíssimo Sr. Ministro da Fazenda, fiador da continuidade. Tido como “desenvolvimentista”, como se houvesse “atrasistas” ele se vê na obrigação contínua de se apresentar sob vários disfarces. Deve ter aprendido com Zeus (Lula) a quem iniciou nos mistérios da Economia. Seria impossível retratar essa personalidade multifacetada, mas não custa tentar. Eis alguns possíveis perfis dessa instigante personalidade. Mantega – Sheherezade – contando histórias, durante mais de 1001 noites de entrevistas, para salvar sua pele; poderia também ser Mantega o soporífero, pelas mesmas razões. Mantega o jogador – homenageando Dostoievsky – quando fez aquelas apostas tolas sobre PIB, superávit primário etc., no 45° minuto do segundo tempo. Mantega discípulo de Dionísio, quando aposta “vinho do bom”. Mantega o ishperto, quando perdeu as apostas e não as honrou. Mantega discípulo de Proudhon, ao redigir o manifesto de Olinda do PT (redigiu ou passou a limpo?) de 2002. Se a propriedade não era bem um roubo, os contratos em geral o eram, merecendo serem rasgados, até que surgiu a carta do “cara” ao Povo brasileiro, que pavimentou o caminho da eleição de Lula no primeiro mandato. Mantega o amnésico, quando esqueceu toda a retórica. Ou teria sido Mantega o pragmático? Mantega “Mãos de tesoura” ao ter de cortar o orçamento. Johnny Depp que se cuide! Mantega o Houdini desastrado nas suas mágicas de fazer desaparecer gastos transformando-os em receitas, a fim de garantir o superávit primário. Mantega o plagiário quando tentou transformar a inflação do chuchu de Mário H. Simonsen em “inflação do feijãozinho”. Mantega O guerreiro pacifista, com o perdão do oximoro, quando lançou o termo “guerra de moedas”. Tudo isso, colocado num liquidificador, ainda homenageando Dostoievsky nos leva a Mantega O idiota – no sentido que os gregos davam a ‘idiótes’.
Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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