| Divulgação | | | | 1) Ana B. de Holanda 2) Chico de Assis (dramaturgo), José Renato (primeiro diretor do Arena) e Sergio Mamberti. |
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Nesta terça, 08/02, estive no Teatro de Arena em São Paulo para a abertura das homenagens ao centenário de Lélia Abramo promovido pela Fundação Nacional de Artes – FUNARTE - com apoio da Fundação Perseu Abramo. A cerimônia foi conduzida pelo ator Tadeu di Pierro e contou com a participação da Ministra da Cultura, Ana Buarque de Holanda, familiares, amigos e várias pessoas ligadas ao teatro, ao cinema e à TV, entre os quais podemos citar: Antonio Abujamra, Sergio Mamberti, Chico de Assis, José Renato Pécora (diretor do Teatro de Arena) e Idibal Piveta (conhecido advogado de presos políticos e diretor do Teatro União e Olho Vivo). A escolha do Teatro de Arena teve um significado especial pois foi lá que Lélia fez sua estréia oficial na peça “Eles Não Usam Black-tie” (1958), desempenhando o papel de Romana. Esta peça permaneceu durante um ano em cartaz e recebeu os mais importantes prêmios destinados ao teatro. No cinema, o mesmo papel foi desempenhado por Fernanda Montenegro. É a primeira peça nacional em que os personagens principais são operários. Mostra os conflitos e a desintegração de uma família quando pai, filho e nora se vêem envolvidos em uma greve. Durante a cerimônia foram exibidas imagens de um documentário sobre sua vida e de novelas, filmes e peças dos quais participou. Também foram lidos por diferentes atores e amigos, trechos do livro “Vida e Arte – memórias de Lélia Abramo”, publicado pela Fundação Perseu Abramo, mas que se encontra esgotado. Em um dos trechos, ela conta que o autor da peça – Gianfrancesco Guarnieri - e parte do elenco não a queriam por achar que não era adequada ao papel por seu porte europeu e por ter vivido doze anos na Itália e continuar com sotaque. Essa rejeição provocou muita dor e muitas lágrimas, que foram superadas com o apoio da atriz Riva Nimitz. Vários artistas destacaram a sua luta e determinação pela justiça e pela igualdade entre todos. A sua luta pela regulamentação da profissão do ator e organização da categoria, quando ocupava a presidência do Sindicato dos Artistas e Técnicos fez com que fosse colocada na lista negra da Globo. Participou do apoio às greves do ABC, da Campanha das Diretas Já e do nascimento do PT. Faleceu em 11 de abril de 2004, em São Paulo, aos 93 anos. A cerimônia foi encerrada com a apresentação de um trecho da peça “Rosa, a Vermelha” de sua autoria, e com a canção “Bella, ciao” dos resistentes italianos ao fascismo, interpretada pelo coral Martin Luther King. Vários eventos em sua memória deverão ocorrer durante o ano todo em vários lugares.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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