Esse período de eleições foi muito tenso para os militantes do PT de Ubatuba pois quase perdemos o companheiro Ary Jardim, em um acidente de moto nas proximidades da ponte da praia Dura. Como era noite, só foi salvo devido a luz de sua moto que chamou a atenção de um passageiro que havia descido do ônibus. Comenta-se que a demora nos socorros e a precariedade no atendimento levou-o a perder uma perna e a quase perder a outra e um dos braços. Arremessado da moto chocou-se com um poste, destruindo completamente o capacete, tendo como conseqüência muitos hematomas e um coma profundo. Confesso que, acostumado a vê-lo cheio de sonhos e de vida, não tive coragem de visitá-lo no hospital, em Taubaté. Agora, graças a Deus, Ary já está de volta a Ubatuba. Não sei se ele sabe que a candidata que apoiava, Janete Pietá, foi uma das campeãs de voto da legenda, tendo sido reeleita. Espero que o resultado das eleições presidenciais contribuam para a sua restauração, pois o resultado da eleição para governador não foi o esperado. Quando me lembro do Ary, a imagem que me vem à mente é dele, no Instituto da Árvore, sentado junto com as crianças, enchendo os saquinhos com terra para transplantar as centenas de mudas de ipê. Enquanto suas mãos trabalhavam, ia respondendo a várias perguntas sobre diversas plantas existentes no espaço. E me lembro também, do orgulho que sentia ao falar de sua atuação como arquiteto na Secretaria de Habitação do município de São Paulo e em Belo Horizonte, durante os governos da Luiza Erundina e Patrus Ananias, que desenvolveram vários projetos de habitação popular, reconhecidos e premiados até no nível internacional, como a Conferência de Habitação de Istambul, organizada pela ONU. Foi um dos que mais batalharam pela inclusão da participação popular nos projetos do Plano Diretor e da Lei de Uso e Ocupação do Solo, colocando sua larga experiência a serviço da população. Quando começou o processo de congelamento dos bairros irregulares, muitas lideranças buscaram seu apoio no sentido de encontrar alternativas. Foi esse movimento que acelerou a constituição do Conselho Municipal de Habitação, instrumento obrigatório e necessário para que o município tenha acesso a recursos para implementação de uma política habitacional. Assim, esperamos que a sua recuperação seja o mais breve possível para que contemos com o seu apoio e o seu conhecimento.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
|