“Somos orgulhosos de ser o país mais rico do mundo, e nos dá vergonha admitir que, por aqui, se passa fome.” - Jim Wrengler (*)
Nelson Rodrigues dizia que o brasileiro tinha a síndrome do vira-lata, porque só valoriza o que vem de fora, especialmente dos Estados Unidos. No entanto, essa realidade tende a mudar e há sinais de que o próprio povo percebe que hoje o Brasil é mais reconhecido que anteriormente. Durante a campanha eleitoral, uma pessoa muito simples me disse que a principal vitória do Lula foi recuperar a autoestima do povo brasileiro. O Brasil, como os demais países é signatário de um acordo para atingir os oito objetivos do milênio. O primeiro deles é “. Reduzir pela metade o número de pessoas que vivem na miséria e passam fome.” Estava lendo um jornal e me assustei ao constatar que o último relatório (2009) do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos informa que 49 milhões de pessoas (14,6%) passaram fome no país em 2008. Esse número representa mais que o total de toda a população da argentina. Em lares com crianças, atinge uma porcentagem de 22,5%; em lares chefiados por mães solteiras chega a atingir 37,2; em lares de afrodescendentes 25,5% e em lares de latino-americanos 26,9%. A situação é muito preocupante porque o desenvolvimento da aprendizagem depende muito de uma alimentação saudável nos primeiros anos de vida. A desnutrição infantil pode colocar em risco o futuro de uma nação, reduzindo o seu desempenho e a sua competitividade. E o pior é que a situação tende a se agravar devido à onda de desemprego que ocorreu em 2009. Esse problema não está restrito aos Estados Unidos. Depois da revolução verde que propunha o aumento da produção de alimentos através do uso de sementes híbridas, fertilizantes e agrotóxicos, o número de famintos cresceu 18 milhões a mais do que há cinco anos, de acordo com relatório final de 2009, da FAO, órgão da ONU, responsável por políticas de alimentação e agricultura. Além do desemprego, técnicos da área apontam como causa o grande desperdício de alimentos. Segundo Timothy Jones, do Centro de Pesquisas Aplicadas em Antropologia da Universidade do Arizona, em pesquisas realizadas entre 1994 a 2004 revelou uma perda de 45% dos alimentos. A falta de um programa de conscientização para a redução desse desperdício seria o impacto que teria na redução dos lucros das empresas com a venda de uma quantidade menor. Quem lucra não se importa com a falta que esses alimentos fazem a outros que não tem como comprá-los por falta de renda. Procurando saber como estava a situação aqui, encontrei os seguintes dados: “De 1990 a 2008 a população brasileira cresceu de 142 para 187 milhões e a população extremamente pobre decresceu de 36 para 9 milhões de pessoas. Mantendo esse desempenho, a pobreza extrema será erradicada até 2014.” (**) Verifica-se, então, que o Brasil, não só atingiu a meta como a antecipou e superou, tornando-se uma referência mundial, não apenas relacionado a esse objetivo, mas também a outros. Fontes: (*) Yuri Martins Fontes. Brasil de Fato, de 07 a 13/10/2010, p. 12 (**) O Brasil e os objetivos do milênio
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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