Nesta campanha eleitoral, um dos temas mais batidos foi a educação, embora tenha ficado na superficialidade. Tanto Dilma quanto Mercadante não souberam mostrar os avanços desenvolvidos pelo governo Lula. Pessoas que militam na educação reconhecem que é a área que conseguiu construir uma proposta mais bem definida com metas claras e concretas, em diálogo constante com a sociedade civil e com especialistas na área. No entanto, os próprios candidatos do governo não conseguem ver e divulgar esse avanço e as repercussões que terão na vida das pessoas. Uma das constatações é que para a proposta dar certo, não adianta injetar apenas dinheiro; é preciso a mobilização de toda a sociedade. Para isso, o MEC – Ministério da Educação e Cultura estabeleceu uma ampla rede de comitês de mobilização pela educação e disponibilizou a todos os dados coletados. Em oficinas, por todo o país, funcionários ensinaram lideranças sociais a procurarem essas informações na internet e a compararem e refletirem sobre esses dados. Também colocaram e-mails e telefones à disposição para esclarecerem dúvidas e questionamentos. Foi proposto a formação Comitês de Mobilização em todo o país mas a Secretaria Municipal de Educação, embora tenha participado da reunião, não se comprometeu a continuar participando. Analisando os dados do IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - constatamos que a média do Estado de São Paulo na quarta série foi 4,5 em 2005 e 4,7 em 2007. Em Ubatuba, em 2005, apenas 3 escolas atingiram essa média e 14 estavam abaixo. No ano de 2007, apenas 4 atingiram a média e 15 estavam abaixo. Entre as 4, destacam-se a Escola Municipal Nativa, do Sertão da Quina, que de 4,3 saltou para 4,7. Mas o melhor desempenho é da Escola Municipal Olga Gil, que passou de 4,9 para 5,3. Não adianta fazer diagnóstico se não for feito nada para melhorar. Para isso, resguardando a autonomia das escolas, dos municípios e dos estados, o MEC estimulou a produção de projetos de readequação do ensino para elevar o desempenho das escolas. Num primeiro momento colocou à disposição recursos para 5 mil escolas em todo o Brasil. Posteriormente, foi ampliado para 10 mil. Conforme conversa informal com uma técnica da Secretaria de Educação de Ubatuba, todas as escolas que pleitearam os recursos já receberam e estão desenvolvendo os seus projetos. Como resultado dessa ação, na última avaliação essas escolas demonstraram uma elevação positiva no desempenho. É essa participação do governo federal que, embora tenha uma repercussão positiva no desempenho do município, não é percebida pela população e nem pelos participantes do governo que são de outras áreas de atuação.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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