Falta apenas um debate. Será a última oportunidade para combater a insônia. Convenientemente adestrados, os candidatos não estouraram os tempos. De qualquer maneira, teria sido mais interessante um todo mundo versus todo mundo, modalidade que faz uma tremenda falta.

Infelizmente, Plínio acusou o peso dos anos. Até confessou estar perdido na hora de uma tréplica e se calou. Trocou Dilma por Marina à la Montoro. Precisa abrir a cápsula do tempo e livrar-se do papo do calote da dívida, confisco de terras, bolsa-banqueiro etc., caso pretenda “roubar” votos. Marina surpreendeu agradavelmente, é a chance de um segundo turno, do qual dificilmente participará. Plínio tem razão: ela é muito firme em assuntos que não despertam polêmica, nos demais, delega para ‘o povo’. Dilma esteve no seu papel ao proferir as obviedades de praxe: investigará com rigor, dois milhões de casas, “o governo do (faltou dizer meu alter-ego) presidente Lula” etc. Esse governo está investigando até agora o mensalão, aloprados etc. Por qual motivo seria ela mais rápida? Serra perdeu a chance de fazer uma defesa contundente de FHC. Quando a fez, foi bem tímido. Salvou-se ao defender Regina Duarte (sem citá-la) quando afirmou que o tal medo era causado pela plataforma petista, revogada com oportunismo com a ’Carta aos Brasileiros’. Infelizmente, não foi suficientemente claro. Nenhum teve a possibilidade, por falta de tempo (ou de idéias) de esboçar um plano de governo. Com esse formato de debate, IMPOSSÍVEL. É fato: nenhum dos telespectadores (ou quase) poderia avaliar o que significam mais 500 escolas, mais 20 bilhões de reais (nem os candidatos), eliminar o ICMS, um salário mínimo de 2000 reais, colocar painéis fotovoltaicos em cima de milhões de residências etc. Quando o assunto foi a megaoperação de aumento de capital da Petrobras, falou-se em petróleo como combustível, sem falar na sua importância como matéria-prima.

Não faltaram apelações.

Serra no Planejamento, afundando o Brasil, segundo seus adversários (oito anos de FHC impactados por um ano e pouco do Zé no Planejamento). Dilma prometendo um inédito rigor investigativo, Marina surfando numa onda verde, que deve ser o equivalente para daltônicos da onda vermelha da ungida de NOSSOPRESIDENTE, e Plínio, espirituoso, mas deslocado no tempo. Dificilmente alguém poderia mudar suas intenções de voto depois desse debate.