Segundo o jornalista Augusto Nunes, no programa Roda Viva de 06/09, esse preceito constitucional não é respeitado e por isso não dá para confiar na justiça pois estaria atrelada àqueles que detém o poder. Será que ele será processado por essa opinião? No calor das últimas eleições municipais, quando aconteceram vários fatos estranhos e não muito bem explicados como o fato de serem computados os votos de Paulo Ramos (Ubatuba, SP) até atingirem mais de onze mil votos e, de uma hora para outra serem anulados, a suspeita sobre a lisura do processo passou pela cabeça de muitas pessoas. Nesse contexto, para explicar essa suspeita, pois gato escaldado tem medo de água fria, o professor Corsino divulgou um texto em que citava um caso anterior em que uma funcionária do cartório cometeu um delito eleitoral, tendo inclusive sido punida por isso. Como era novo na cidade, ao expressar minhas dúvidas sobre a apuração dos votos citei um trecho do artigo do professor Corsino mostrando que havia um precedente e que, por isso, não dava para colocar a mão no fogo de que a apuração tinha sido OK. Além disso, já havia o episódio denunciado por Brizola no Rio e, mais tarde, apareceram outras denúncias que davam margem para não se confiar na inviolabilidade das urnas eletrônicas. Por esse texto o professor foi processado por calúnia e difamação contra os funcionários do cartório e, alegando a falta de isenção da justiça local, conseguiu transferir o processo para outra cidade. Por ter reproduzido um trecho do artigo mencionado acima, também fui processado e ainda não sei qual será a sentença. Além dele, tenho observado que várias pessoas que divulgam suas críticas à atual administração tem sofrido processos judiciais, talvez como uma tentativa de calar a oposição. Ao assistir ao Roda Viva, imediatamente pensei na situação em que estou vivendo. Será que vou ver a confirmação da opinião de Augusto Nunes? Ou o jornalista teria algum privilégio que os demais cidadãos não têm?
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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