Conversa (des)afinada
Adão tinha ou não umbigo? Podemos reclamar do cotidiano, certo, mas seria injusto invocar a falta de assuntos. Vejamos: A novela da capitalização da Petro continua com um debate árduo em torno do custo dos 5 gigabarris virtuais. Pergunta: Já que a definição precisa do custo da extração desses barris – que levará ANOS (imaginando uma produção de 1 mi(!) de barris/dia, algo como metade da produção atual, teremos mais de uma década pela frente) – é de difícil avaliação, por que não DEFINIR o valor da participação da União, (20, 25, 30, 40 bi USD) afinal trata-se de um dinheiro que por algum tempo servirá apenas como referência, deixando para depois descobrir, calmamente, a quantos barris a Petro terá direito? A verdadeira "pegadinha" está no valor unitário das ações a serem subscritas pela plebe, daqui e de alhures. O executivo-mor da ANP pode dar palpites sobre o quanto a Petro pagará o barril na tal cessão onerosa, assim, numa boa? Uma fala dessas afeta ou não as cotações da Petro, ou deixa pra lá? A CVM tem algo a dizer ou diante dos ‘homi’ ela se apequena? Quando perguntada a respeito da suposta fábrica de dossiês da PREVI a candidata Dilma retrucou ser tão ou mais importante investigar os grampos da época da chamada ’privataria’. Trata-se de uma excelente ideia. Quem teria grampeado FHC? A CIA, o PSDB? Nosso guia considerou que faltou gentileza aos apresentadores da Globo quando dos 12 minutos da presidenciável Dilma, recomendando que ela não perdesse as estribeiras. Sua Excelência cometeu uma grande injustiça. Sobrou ’gentileza’. E se, a dupla tivesse feito as mesmas perguntas relativas ao ’mensalão’ – que, como todos sabem, nunca existiu –, como procedeu no dia seguinte durante os 12 minutos da candidata Marina Silva? Teria sido, para ficarmos no terreno das metáforas ligadas à equitação, a repetição do episódio Rodrigo Pessoa montando Baloubet de Rouet? Os 30 e tantos bilhões do FUST, FITTEL e FUNTTEL serão algum dia aplicados de acordo com suas finalidades? Qual será a taxa de ocupação da rede hoteleira do Rio de Janeiro, que hoje não consegue chegar a 80% (exceto para o Carná), uma vez ampliada para os Jogos Olímpicos? A sangria do Tesouro em quase 4 bi para socorrer a CELG. Como não fazia sentido emprestar à CELG – que tem cara de insolvente – o dinheiro foi repassado ao Estado de Goiás. Eles que se virem, a grana já foi mesmo. E isso mesmo? O ministro Joaquim Barbosa, em licença médica aparece num bar – ninguém é de ferro, nem mesmo o relator do tal caso mensalão. O ’caso’ tem a mínima chance de ser resolvido? A analista da Receita, Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva (ufa!), suspeita de ter violado o sigilo do vice-presidente do PSDB, afirma que sua senha de computador foi usada por alguém. Perfeito. É de se supor que a senha não seja uma senha ’fraca’, tipo abcd. Então não foi o faxineiro que acessou. Certo? Quem mais possuía a senha? É de se supor que ela estivesse à disposição de algum superior, ou então, para que existe a senha, onde está a segurança do sistema? Assunto a ser resolvido depois das eleições? Como o caso da secretária Lina que "jamais" encontrou a então chefe da Casa Civil? O caso da censura imposta ao Estadão, por conta da operação Boi-barrica entrará na história como insolúvel? Será que o caso interessa ainda Lunus e outros? O dinheiro da cueca era apenas uma demonstração da "velocidade de circulação da moeda"? O dinheiro depositado no Exterior para o Duda Mendonça é apenas um detalhe folclórico? O presidente do IPEA lamenta ser raquítico nosso Estado. Para os casos de raquitísmo recomenda-se a vitamina D. A vitamina PT seria um genérico? Como ficou a nova versão do tratado de Itaipu? A construção da linha de transmissão no Paraguai e o repasse milionário de tarifas encerram o caso? A importação de gás da Bolívia com pagamento diferenciado para as frações ’nobres’, que apesar de sua nobreza, não são separadas nem na saída nem na chegada sofrerá alguma solução de continuidade com a produção nacional, ou continuaremos queimando no ar nossa produção? Cesare Battisti vai ou fica? Vamos comprar os Rafale ou o "abacaxi" será repassado ao futuro presidente que terá de aguentar a cara feia (?) da Carla Cruni? O trem-bala e a estatal Trembalabrás são realmente prioritários e rentáveis? Depois de contratar pela segunda vez a GêVê – sem sucesso – para racionalizar os procedimentos do Senado, quantas vezes mais essa prestigiosa instituição será contratada? Alguém já conseguiu dimensionar o tamanho da "herança maldita" que o atual governo estará deixando? A presidenciável Dilma afirmou que será uma espécie de mãe para os brasileiros. Já que ela é também a mãe do PAC, somos todos irmãos do PAC? O futuro ministro da Fazenda acertará ao menos uma em cada dez previsões? Nosso guia afirmou que no terminal da urna eletrônica aparecerá o nome Dilma, mas o nome Lula estará por debaixo. Nosso guia estaria conceituando o palimpsesto eletrônico? Com tantas perguntas pairando no ar, há alguma possibilidade de elas serem formuladas à candidata Dilma? (sem ser acusado de fazer parte do Partido da Mídia Golpista) P.S.: Esteja onde estiver em 2014, o ex-presidente Lula promete não se encontrar com nossa seleção às vésperas da Copa do Mundo de futebol?
Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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