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COLUNISTA
Alexandru Solomon
15/06/2010 - 15h22
Campanha eleitoral? Que campanha?
 
 
Conversa (des)afinada

Nesta campanha – é mesmo, já estamos em campanha – NÃO FAZ SENTIDO falar em ’ESTE LADO’ e NO ’OUTRO LADO’ como já cansamos de ouvir. EXISTE APENAS UM LADO: O DO BRASIL, MAIS DECENTE, MAIS FORTE, MAIS JUSTO, COM MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Mais decente significa acabar com as ’maracutaias’, com punição exemplar para aqueles que as praticarem – não basta sonhar!

Mais forte não significa ostentar a musculatura anabolizada e nociva do “aparelhamento” nem maravilhar a torcida com projetos altissonantes – saiam ou não do papel. De preferência, que saiam e sejam concluídos no prazo! Significa executar projetos sensatos, sem que isso coloque em risco a estabilidade econômica. Se chegamos a uma situação relativamente confortável, não é hora de acabar com o equilíbrio fiscal.

Mais justo significa proporcionar oportunidades de melhorar a vida dos brasileiros, sem, para tanto, limitar-se a criar cabides de empregos. Criar empregos não quer dizer contemplar os aliados políticos. O fator mérito deverá preponderar.

Para criar empregos não basta ’injetar’ dinheiro do BNDES ou do BB. Cuidado com essas seringas! Esse dinheiro não surge do nada, por conta da “vontade política” de alguém. Ele tem custo e as atuais bondades impactarão orçamentos nos anos futuros.

Para se alcançar melhor qualidade de vida não é necessário ter impostos escorchantes, que, em última análise são absorvidos pelos ralos da corrupção e da incompetência. Muito menos significa ressuscitar a malsinada CPMF. É preciso tapar o nariz e os ralos.

A POLÍTICA ECONÔMICA PODE E PRECISA SER MAIS INTELIGENTE. NÃO ADIANTA ACUMULAR RESERVAS EM EXCESSO SE O CUSTO DELAS PESARÁ NAS FINANÇAS DO PAÍS. Elevar o endividamento interno pelo prazer de acumular mais de 250 bilhões de dólares de reservas é indispensável? Já mostramos que nosso ‘cadastro é sólido’. Para que ser super, hiper, extrassólido? Depois, sentados em cima dessa montanha de dólares, vamos fazê-la derreter ao tentarmos eliminar o dólar nas transações internacionais?

NESTA CAMPANHA NÃO CABEM APENAS CRÍTICAS E/OU REPAROS À MANEIRA DE GOVERNAR DE LULA. A CANDIDATURA DO PT POSSUI NOME E SOBRENOME: DILMA ROUSSEFF. “DILMA do chefe” NÃO REPRESENTA UM TERCEIRO MANDATO DE LULA. É preciso que ela diga de maneira clara de que forma pretende governar, na hipótese (pouco animadora) de ser eleita. Caso ela insista em posar de sucessora, limitando-se a endeusar o “sucedido’, aí sim, vamos ver se, de fato, o governo do PT soube aproveitar a extraordinária conjuntura econômicas internacional que antecedeu a crise mundial originada pelo fenômeno sub-prime. A sucessora pretende persistir nesses “enganos virtuosos”? Seria esse o tal sequenciamento: “Olha , Dilma, o sequenciamento”! (essa injunção feita em comício, sem o menor cunho eleitoral, é claro, custou míseros 5000 reais)

É IMPORTANTE PASSAR EM REVISTA AQUILO QUE LULA, MESMO TENDO PROMETIDO, NÃO CUMPRIU AO LONGO DE 8 ANOS E VERIFICAR DE QUE MANEIRA, NUM BRASIL 8 ANOS MAIS VELHO SERÁ POSSÍVEL IMPLEMENTAR AS MUDANÇAS QUE EMPACARAM, SEM PERDER DE VISTA POR QUE ELAS NÃO PASSARAM DE PROMESSAS. – Reforma tributária tão necessária, reforma política, reforma previdenciária, atualização das leis. Não faz sentido afirmar que há uma justiça eleitoral se ela não passa de motivo de galhofa. Não adianta discutir a reforma tributária sem ter uma proposta concreta. De nada vale constatar que há um buraco previdenciário e tentar desconversar, dizendo que parte desse buraco deverá ser coberto pelo Tesouro, como se o Tesouro fosse uma entidade – de outro planeta – recheada de dinheiro. O governo não cria dinheiro – tem distribuído, nem sempre de forma inteligente o que arrecadou de maneira extorsiva. Quanto à reforma política, bastaria que houvesse vergonha na cara, já dizia Capistrano de Abreu.

NÃO FAZ SENTIDO ACEITAR O TERRORISMO. CHEGA DE OUVIR QUE UM GOVERNO SERRA ACABARÁ COM AS CONQUISTAS ANTERIORES, QUANDO O QUE ELE SE PROPÕE É RESPEITÁ-LAS. Ninguém é maluco a ponto de destruir algo positivo. Falar em exterminador do futuro de nossa política internacional não passa de uma tentativa de semear o pânico. Falar que a Petrobras – que sem o governo LULA não teria achado petróleo (há quem se dispõe a acreditar nessa mentira) – será privatizada, salvo se Dilma, amiga dos petroleiros emplacar, é uma tolice. Vamos acabar com a poluição mental! Combinado?

NÃO PODE HAVER LUGAR PARA MENTIRAS COMO ESSE MITO DAS PRIVATIZAÇÕES QUE TERIAM ENTREGADO NOSSAS RIQUEZAS A PREÇO VIL. AS PRIVATIZAÇÕES PERMITIRAM ALCANÇAR NOVOS PATAMARES. (Ou, por acaso, diminuiu o número de telefones e ninguém se deu conta?) NÃO FORAM MAIS BEM SUCEDIDAS POR QUE O GOVERNO DO PT DESESTRUTUROU de maneira sistemática e proposital AS AGÊNCIAS REGULADORAS.

É PRECISO TER CORAGEM E ABRIR AS CAIXAS PRETAS, NAS QUAIS SE ESCONDE O QUE HÁ DE PIOR NA NOSSA POLÍTICA E ECONOMIA. É possível esperar isso daqueles que nesses últimos anos contribuíram para a sua criação?

Vamos entender os mistérios de nossa política externa tão propensa a mostrar a língua ao Tio Sam, por um lado, e tão dócil ante as bofetadas vindas dos nossos hermanos. É preciso prolongar essa subserviência a figuras caricatas como Chávez, Evo, Lugo, Ahmadinejad, Castro, Zelaya etc.?

A campanha ainda não começou legalmente, mas burlando de forma escandalosa a legislação eleitoral, o Presidente da República anda para cima e para baixo com sua eleita a tiracolo. Caminha sem se importar com as multas que provavelmente jamais pagará. Perder pontos na carteira não o incomoda minimamente, enquanto continua pregando respeito às leis.

Não é razoável partir para o mesmo tipo de terrorismo dizendo que o objetivo do governo petista é calar as vozes discordantes. Mas motivos de preocupação não faltam. Que o digam essas repetidas tentativas de “orientar, fiscalizar e controlar” a imprensa. Que o diga o Estadão.

Os próximos debates prometem, desde que não sejam mutiladas por regrinhas idiotas como tem sido usual.


Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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