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COLUNISTA
Rui Grilo
09/03/2010 - 09h01
Prefeito baixa o nível
 
 

“O protesto marcado para segunda-feira está sendo organizado por pessoas filiadas à partidos políticos, que vão disputar a próxima eleição. São pessoas que perderam a eleição no último pleito. Há notícias de envolvimento de um deputado e de pagamento de R$ 50 para que pessoas participem carregando uma vela na caminhada prevista. Se comprovarmos esta denúncia, vamos levar o caso ao promotor público”, desabafou o prefeito. (Imprensa Livre, 05/03/10).

Toda vez que o prefeito se defronta com uma crítica, vem a mesma lengalenga como um disco riscado repetindo a mesma coisa. A desculpa para a sua incompetência e seus erros é colocar a culpa na oposição. Mas desta vez havia a voz de uma pessoa reconhecida pelo seu trabalho em prol do município. Desta vez chega à calúnia ou fofoca de pastiche quando se refere ao pagamento de pessoas para participar na manifestação. O que as pessoas que participaram da reunião discutiram é como dividir os custos e as responsabilidades, como cada um poderia contribuir. O que o deputado Simão Pedro se propôs é convocar uma audiência pública para apuração das responsabilidades.

Toda vez que alguém faz uma crítica, tem um jornaleco chapa branca que começa a atacar as pessoas de uma forma grosseira, de maneira a desqualificar os críticos desse (des)governo. Seria o caso de perguntar de onde vem os recursos para manter esse pastiche e qual é a relação dele com aqueles que o financiam.

A mobilização não é só pelo filho da Dona Zelma. Todos os que participaram do velório já estavam consternados com esse acontecimento. Logo em seguida veio ao conhecimento de todos o caso do Caio Giraud. Com a discussão desses dois casos começaram a vir a público outros casos. Ficamos pensando: se a Dona Zelma, que é uma pessoa conhecida, que tem um trabalho voltado para o benefício do município é tratada assim, imaginem como o zé-povinho é tratado.

Como faz todos os meses, o Movimento Ubatuba em Rede pauta uma questão para ser trabalhada. Foi assim que surgiu o projeto de coleta de óleo usado para ajudar a SAPOUBA, o apoio à Comunidade Emaús e ao Gaiato e o Mutirão pela Paz. Dessa vez, era para discutir as atividades do Dia da Mulher. E foram duas mulheres que romperam o silêncio e a dor para denunciarem o descaso com a saúde. Por isso foram convidados os amigos e familiares do professor Mauricio e do Caio. O próprio vereador Frediani participou porque o Caio era seu funcionário, fato que desconhecíamos.

Nessa reunião ficou decidido que o Dia da Mulher seria um dia de LUTO PELA SAÚDE DE UBATUBA. Então, não foi iniciativa de um partido mas de cidadãos e, uma democracia pressupõe a existência de diferentes partidos e do direito do cidadão se filiar a qualquer um deles. O fato de um cidadão pertencer a um partido deve ser empecilho a sua participação na vida da cidade? É essa a democracia que o prefeito conhece e que apóia? Somente o reizinho ou o super pode falar?

Logo em seguida, ouvi a notícia anunciando a parceria entre a Prefeitura e a Cruz Vermelha. Parabéns! Era isso mesmo que nós queríamos. Isso mostra que estávamos certos em pedir providências. Segundo notícia publicada no dia 05/03, o Prefeito informou já faz um mês que as negociações começaram; então, porque, ao responder a carta da Dona Zelma, ele não tornou pública essa informação, somente divulgando-a após a convocação do protesto?

A falta de transparência e de divulgação dos atos da Prefeitura fazem surgir as desconfianças, fazendo com que os cidadãos se vejam obrigados a exigir explicações e a lutar por seus direitos.

Foi preciso que uma criança morresse atropelada na entrada da Pedreira e que o povo fechasse a BR-101 para que o pedido de colocação de um bico de luz e de lombadas fosse atendido. Isso mostra uma atitude de apagar incêndio e não de planejamento como seria de esperar.

Fica uma questão: por que com a Cruz Vermelha do Maranhão e não com a Cruz Vermelha de São Paulo ou do Rio?


Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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