| Divulgação | | | | Maurício Mungioli. |
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Em plena tarde de domingo de Carnaval, a rua atrás do Tubão estava lotada de carros e de jovens que foram dar a sua despedida ao Maurício, professor do GOC Vestibulares e antigo proprietário do Oficina do Vestibular. Sentados na frente do velório, os jovens cantavam, declamavam poesias, se abraçavam e alguns choravam enquanto no telão eram projetadas fotos de aulas e de situações em que ele aparecia com outros professores, alunos e amigos. A jovem viúva lembrava a todos que ele passava do lado de lá como sempre viveu e agiu. Como teve morte cerebral, seus órgãos foram doados para que outras pessoas pudessem sobreviver ou ter uma vida melhor. Não o conhecia pessoalmente. Minha ligação era muito mais com Dona Zelma Landi, mulher forte que está sempre à frente de causas humanitárias como a Guarda Mirim, o Rotary Clube e a Feira das Nações. Também com o seu irmão, o conhecido advogado Marcelo Mungioli, que atualmente mora no Rio. É difícil imaginar a dor e a reação de uma mãe, mesmo sendo forte, que perde seu filho ainda tão jovem e da forma como aconteceu. Talvez seu maior consolo seja a certeza de que uma parte dele sobrevive em cada pessoa que ele ajudou a sobreviver e no papel que ele desempenhou na vida dos jovens de Ubatuba. Pelo que comentavam, essa foi mais uma vítima da falta de recursos na área da saúde. Tendo passado na Santa Casa na segunda-feira, foi dispensado com o diagnóstico de virose. Na quarta, começou a passar mal e seus sintomas se agravaram provocando um AVC, tendo então sido transferido para o Hospital Regional de Taubaté. Fica a pergunta: como funciona, sem ter um neurologista e outros médicos com condições adequadas para atendimento e diagnóstico, o hospital de uma cidade que chega a receber mais de 300 mil turistas? Já passou da hora da gente transformar a dor da morte dos nossos entes queridos em força para lutar por melhores estruturas de atendimento na área da saúde. Esta é uma das principais reivindicações que apareceram durante a campanha eleitoral o que mostra que a população sabe onde o calo aperta.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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