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COLUNISTA
Alexandru Solomon
11/02/2010 - 10h06
Aterro sanitário de nossa política
 
 
Conversa (des)afinada

Por mais indulgente que seja nossa apreciação, uma conclusão tende a prevalecer. Estamos diante de um gigantesco aterro sanitário, no qual está empilhado o lixo gerado pela atividade política dos últimos anos. Se é de um tamanho como nunca antes a História tenha registrado, ou não, chega a ser irrelevante. Não vamos bater nas teclas gastas do mensalão, aloprados, e outros escândalos relegados a um imerecido esquecimento. Não será preciso. O processo de renovação do lixo é contínuo, com o empilhamento constante de novas camadas de detritos. Para aqueles que se preocupam com a ecologia, uma preocupação a mais. Não se trata de lixo reciclável.

É comum, após cometer uma tolice, praticar quatro outras na tentativa de reabilitá-la, ensina Baltasar Gracián. Será que para apagar as quatro outras seriam necessárias dezesseis adicionais, perguntará o cínico.

Sem discutir os méritos de nossa política externa, regido pelos nossos três chanceleres, ou tenores – se preferirem: Celso Amorim, Marco Aurélio Garcia e Samuel Pinheiro Guimarães – recém deslocado para a ponta esquerda da SEALOPRA, os sonhos megalomaníacos levaram a posições que o anti-americanismo endêmico não basta para justificar. São propósitos tão fora do alcance da plebe vulgar que não vale a pena discutir o perdão de dívidas dos Gabões da vida, os tapinhas nas costas do senhor Ahmadinejad, ou as mesuras ao senhor Chávez e ao seu projeto bolivariano seja lá qual for o significado que se quer dar a esse conceito. Trata-se de dogmas indiscutíveis – como todos os dogmas. Ou no linguajar com o qual querem nos acostumar “eixos”.

Mesmo evitando esse debate, já que dar murro em ponta de faca não é sinônimo de sensatez, talvez valesse a pena formular, ainda que timidamente uma pergunta: Tudo bem. Estamos adquirindo a dimensão global do Brasil ano 8, já que antes do desabrochar dessa gloriosa era havia apenas desolação, mas será que para tanto devemos comprar os aviões que ninguém quis a preços estranhamente altos? Não se trata de sair bradando por aí “mais Camembert e menos Rafale”, apenas questionar esses sábios que acham suficiente afirmar que “o barato sai caro” para que em nome de uma aliança estratégica cevada por rapapés gauleses se abra mão de uma elementar praticidade. Nada disso! Ao diabo o parecer dos técnicos que entendem do assunto, temos que habituar-nos com uma percepção superior dos fatos.

Anestesiados por falas triunfalistas, reagimos molemente, para depois atirarmos a toalha. Quem somos nós para discutir esse entendimento superior dos mecanismos da afirmação no contexto global?

Essa discussão não leva a nada, ofuscada pelo problema maior da sucessão presidencial. Na campanha, cujo início foi antecipado, contrariamente ao PAC, cuja conclusão ficou para uma data indefinida, recebemos continuamente mensagens subliminares ou nem tanto: “No passarán os revanchistas, entreguistas, vendilhões etc. cujo objetivo é acabar com tudo de bom que se fez até hoje – aliás tudo que se fez até hoje nessa octaetéride incompleta merece elogios superlativos – para atirar o Brasil no regime feudal, que prevalecia até o ano 1 da Redenção. O próprio Redentor e seus porta-pensamentos repetem esse mantra. Caminhamos para a transformação do processo político num autêntico programa de auditório, que deixaria o saudoso Chacrinha eufórico. Buzinadas para Serra! E a Dilma? Vai para o trono ou não vai? Vocês querem bacalhau? Querem Bolsa-issoeaquilo? Só tem aqui, no reino encantado do “Nunca antes”. Nunca antes o Brasil teve 190 milhões de habitantes.

O debate que se aproxima permitirá ao eleitor escolher entre FHC e Lula. Ah, eles não estão participando da disputa? Não tem importância. Eleitor, preste atenção, Dilma fará mais que Lula e Serra será pior que FHC. Agora podem votar! Ready, set, GO! diria um entreguista.

O mundo não pára...

É preciso vislumbrar o futuro. Tarefa difícil, já que por aqui, até o passado é imprevisível, para não mencionar o presente.

Há, no entanto, a poderosa ajuda de um discípulo de Cassandra, geneticamente modificado. Cassandra era uma profetisa sobre a qual se abateu a maldição de Apolo. Poderia prever o futuro, mas ninguém iria acreditar nela. Nosso Ministro da Fazenda é uma espécie de Cassandra ao contrário. Não acerta uma previsão, porém há uma máquina que ecoa todos os seus prognósticos, para, em seguida se calar, quando constatados os equívocos.

Enquanto as águas do rio da fantasia, no qual não iremos nos banhar duas vezes correm plácidas, geram-se carros alegóricos para o desfile da candidata Dilma.

Já temos o PAC2. Esse sim, acelerará de verdade, e para não soçobrar na monotonia, vamos recriar a Telebrás. É um projeto bizarro, não resta dúvida e isso por uma razão bem simples. Nem nos seus tempos de glória, a Telebrás jamais instalou um telefone, não colocou sequer um orelhão, não enterrou um metro de cabo. Era uma empresa holding, de méritos indiscutíveis, mas jamais foi operacional. Qual o propósito dessa estranha idéia? Injetar dinheiro público numa atividade que o setor privado, convenientemente orientado – para isso existe a Anatel - desempenhará melhor!

Mesmo entregando à Telebrás a rede de fibra óptica da falida Eletronet, como chegará aos assinantes, como percorrerá a famosa ‘last mile’ até a residência dos futuros incluídos digitalmente? Como não se cometerá a sandice de criar uma rede capilar paralela – ou talvez sim... cala-te boca – será utilizada provavelmente a rede das atuais concessionárias. Então, para quê? Para acumular prejuízos durante uns cinco anos – bancados com mais impostos – e colocar mais companheiros a serem apresentados à lei de OHM?

Do alto de sua imensa popularidade NOSSOPRESIDENTE contempla as planícies desse Absurdistão!


Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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