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COLUNISTA
Alexandru Solomon
15/01/2010 - 15h09
Graus de liberdade
 
 
Conversa (des)afinada

Existem assuntos polêmicos diferentes do PNDH 3 ou a compra dos aviões de caça. A entrevista do Sr. Sérgio Guerra, na Veja, foi pior que um anúncio pela metade, como indulgentemente a coluna de Celso Ming o rotulou. Disse o presidente do PSDB que "Se a oposição ganhar as eleições, haverá mudanças na política econômica. Vai mais além: "Iremos mexer na taxa de juros, no câmbio e nas metas de inflação. Essas variáveis continuarão a reger nossa economia (ufa! – esse ufa! me pertence)) mas terão pesos diferentes".

Apesar de não ter concluído o curso de engenharia, o Sr. Serra conhece o conceito de graus de liberdade e de variáveis dependentes. Não é possível mexer nas três isoladamente – câmbio, juros, inflação.

Mexendo em duas, está definida a terceira, a menos de malabarismos contábeis/políticos, falsificações grosseiras etc., sendo que, dificilmente o valor da terceira obedecerá aos magos de plantão.

Para as metas de inflação, é possível dizer que um engraçadinho atirou, um dia, uma flecha e os serviçais correram e desenharam círculos concêntricos em volta. Assim teria nascido a meta de 4,5%, mais ou menos 2%. Por que 4,55 e não 4,3 ou 4,7, ninguém encontrará outra explicação a não ser a paixão pelos números ’mais redondos’. Em todo o caso, isso não autoriza dizer que ’um pouco de inflação mal algum fará’. O diabo é que após fugir da meta, será mais complicada trazer de volta a ovelha desgarrada. Diz um provérbio – cuja origem desconheço – que um louco atira uma pedra numa lagoa e dez sábios não conseguem retirá-la (com todo o respeito que as lagoas merecem).

Para a taxa de juros, da qual Serra é um crítico quase tão feroz quanto nosso vice, é possível discutir por qual motivo os cortes da Selic são múltiplos de 0,25%, copiando os USA. Em países como China, se não me engano, as variações são menos ’redondas’, mas o principal é diagnosticar a necessidade de elevar/abaixar a taxa de juros. De qualquer modo, merece reflexão o fato de nossa Selic ser campeã, vice ou apenas integrante do pódio mundial. Seja como for, os cortes/aumentos geram efeitos cuja ocorrência não é imediata. Um amigo (que não me autorizou citá-lo, chamemo-lo de A.N) compara – para fugir do futebol – com o tratamento com cortisona: aumentar, até que pode ser rápido, diminuir as dosagens é mais complicado. Como todas as metáforas sua aderência pode ser discutida, não o alerta!

Ocorre que essas mexidas acarretam mudanças em coisas bizarras, tais como nível de emprego, fluxo de morda estrangeira, câmbio...

Por falar em câmbio, há críticos ferozes, que ao notar a perda de competitividade e a delocalização, reclamam. A resposta banal de que o custo Brasil está envolvido, como variável explicativa, não os convenceu. Daí, digressões mil e ilações desairosas a respeito dos ’especuladores’ etc., e tal.

E assim, vai o senador Guerra lançando algo mais que um balão de ensaio, já que – se a memória não me trair –, mesmo no governo FHC, José Serra fazia oposição ao seu governo.

O medo que se instala é o de estarmos diante de um possível vencedor do pleito presidencial, propenso a brincar de aprendiz de feiticeiro em frente aos botões de comando dessa nossa geringonça econômica. Pode ser que dê certo, why not? Se não der, o repertório populista está cheio de candidatos a vilão: o neoliberalismo, a especulação, os bancos...


Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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