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COLUNISTA
Alexandru Solomon
18/11/2009 - 12h18
Dúvidas e mais dúvidas
 
 
Conversa (des)afinada

Um dos livros de Lênin ostentava o título "O que fazer?". A pergunta persiste em contexto diverso.

As eleições estão distantes, se é que os poucos meses que nos separam da campanha eleitoral – dentro dos conformes que a desprezada Lei eleitoral reza – possam caracterizar distância. Sobe a temperatura. Breve, as boas maneiras terão seu espaço reduzido, dando lugar ao fluxo de metáforas que parecem dever pavimentar o caminho do sucesso. E dá-lhe futebol, culinária, economia doméstica. Para não deixar a contagem em constrangedores 400 x 0, a oposição enveredará pelo terreno para o qual foi atraída. Procuram-se especialistas em metáforas! Nefelibatas, abstenham-se!

No campo das idéias a oposição nos brinda com uma total falta rumo, dizem. Mas será que há algo que possa fazer? Uma coisa há de ser entendida. Qualquer dos dois candidatos mais prováveis, uma vez eleito, terá de assumir uma herança, seja ela ’maldita’ ou maldita sem aspas, com o cuidado de não atuarem como herdeiros incompetentes. Na campanha, qual poderá ser, no campo das propostas, o diferencial da oposição? NENHUM. Poderá alterar os rumos do pré-sal, mas evitará o debate prévio durante a campanha. Colocar como plataforma política a honestidade somente se for num programa humorístico. Como enfrentar o partido que não rouba nem deixa roubar? Competir na negação da paternidade do mensalão – cuja existência está colocada em dúvida pelos cínicos? Nunca antes neste país houve tamanha transparência será a resposta. Nunca houve mensalão, aloprados, Waldomiro e o que apareceu – coisinha boba – só apareceu por causa da transparência, causando o maior espanto ao grande líder que de nada sabia e quando soube, constatou tratar-se dos péssimos hábitos que vinham desde o descobrimento do Brasil.

Rebater as acusações privatistas, a “privataria”, quando 90 por cento dos eleitores não sabem do que se trata (apesar do refrão que oposição e situação entoarão com igual caradurismo: O povo não é bobo! – Talvez não seja, mas está mal informado e pouco interessado em informar-se melhor) demandarão uma dose de imaginação ligeiramente superior que a do candidato Alckmin (e de seu staff, em 2006). A defesa que consistiu em envergar a camiseta da Petrobras – atenção não foi PetrobraX, terminação muito em voga, ultimamente – foi de um ridículo atroz. Em compensação, o eleitorado já vem sendo metralhado com a imagem dos privatistas, os comedores de criancinhas da hora.

O resultado dos programas assistenciais e a Olimpíada de 2016 são cabos eleitorais de peso. Trata-se indubitavelmente (?) de filhotes do Cara, como se à sucessora, digna genitora da sigla PAC, deverão ser atribuídas automaticamente as virtudes do padrinho.

Cá entre nós: qualquer candidato só poderá dizer na campanha que deseja o melhor para o País. Ou não? Ficaremos no campo árido do “como”, não do “quê”. Imaginem a beleza do debate acerca da manutenção ou não do superávit primário/  nominal, ou da independência ou não do BC, futuro Mercosul etc. Viva a TV a cabo!

Aos queridos Aécio e Serra – uma vez concluída a pugna fratricida, por ambos negada solenemente, sobrará a tarefa de tranquilizar a clientela, afirmando, jurando, prometendo etc. que nada do que é bom será tocado. Pronto! Será que a turma do “andar de baixo”, em doce manada, escolherá a mudança – nos detalhes – quando hoje algo como 80% dos eleitores acha Lula a encarnação da perfeição? Ou apavorados com os clichês preparados: neoliberalismo, consenso de WASHINGTON, repúdio ao estado mínimo que – mais uma vez são conceitos cujo significado escapa a uma parcela acachapante do nosso eleitorado – optarão por mais do mesmo, mas com qualidade supostamente melhor. Quão melhor será o ‘tudo bem’ de hoje?

Será que mais uma vez – como é chato repetir – será preciso discutir a qualidade dos gastos, debate arbitrado por analfabetos funcionais? Para maior conforto da situação, o debate será levado para um terreno pantanoso: comparar a era FHC com a era Lula. Adiantará argumentar que a evolução do Brasil se deveu a uma conjuntura favorável, que permitiu ao Brasil enfrentar a atual crise em situação mais confortável do que nos anos ‘negros’ de FHC? Por acaso informar o distinto público eleitor que os contendores não são nem Lula nem o príncipe dos sociólogos terá o efeito de uma luminosa revelação?

Falar em aparelhamento do Estado e demonstrar sua realidade nociva será um ponto – que fará bocejar. Como bosquejar o retrato do que poderia ter acontecido sem essa enxurrada de companheiros em postos para os quais tinham como pré-requisito a filiação ao PT ou a docilidade ao Cara? Virá o inefável presidente do IPEA, explicando que na verdade nosso Estado não é paquidérmico, como maldosamente afirmam os “neoliberais”. Dirá que o Estado é raquítico, portanto carente de vitamina D. D de Dilma, of course, patuléia ignara!

Faltou à oposição, nesses anos uma postura digna de suas ambições. Seguramente “deixar sangrar Lula”, no ápice da crise do “inexistente” mensalão não passou de fracassada esperteza.

Lamento não poder enxergar quais as ideias luminosas que poderão cativar analfabetos funcionais, mas essa dúvida é posição de zelite, logo, de uma minoria e, com o perdão do truísmo, eleição majoritária ganha-se com a maioria – frase com a qual o conselheiro Acácio haverá de concordar, se consultado.


Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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