Conversa (des)afinada
Circularam nas páginas do Estadão denúncias relativas ao uso de membros da famiglia Sarney de apartamentos em São Paulo, cedidos por uma empresa com interesses na área de energia elétrica - que faz parte da capitania hereditária do autor de Maribondos de fogo. Os acusados negaram veementemente, as acusações continuaram e, na verdade, a solução é simples, embora possa ser de difícil consecução. Se for verdade que compras houve, como afirma a famiglia Sarney, bastaria examinar as declarações de IR dos compradores (não basta dizer "está no meu IR") e vendedores e constatar o quanto uma parte pagou (e a outra recebeu... não é tão óbvio que haja coincidência). O saldo deve estar nas contas a receber da Aracati/Holdenn. É simples, mas quem quer simplicidade? Bastaria apresentar um documento - se é que existe - para calar a "mídia vendida". Acuado pela imprensa "nazista", o "homem incomum" reage raivosamente. Sucede que discursos atrabiliários não são evidência de coisa alguma. Vamos economizar perdigotos e evitar a baixaria. Chamar o Estadão de "velho de fraque e brincos", como fez Sua Majestade maranhense apenas azeda o debate. Mais calor e menos luz. De qualquer maneira, não é preciso um grande esforço de memória para evocar uma ocupação "sem ônus" de uma cobertura, por parte de uma outra alta autoridade, por sinal, defensor do Presidente do Senado. E la nave va! Infelizmente, falar em "decoro parlamentar", a essa altura do campeonato, não passa de oximoro. Quebrar algo que não passa de uma ficção virou hábito, não transgressão.
Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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