Tenho acompanhado com interesse o noticiário sobre o petróleo das profundezas, conhecido como pré-sal. A alvissareira descoberta em certos momentos me faz lembrar de tio João, astrônomo amador que se dizia proprietário de Ganímedes, uma das luas de Júpiter, segundo ele abarrotada de ouro e diamantes. Meu abilolado parente sonhava com a riqueza e os meios de viajar pelo Oriente Médio em busca da arca da aliança. Pena que Júpiter seja tão longe, quem sabe algum membro da família, no futuro, consiga tomar posse dos bens que nos pertencem por direito. O pré-sal não está tão longe, apenas 20 bilhões de dólares nos separam do ouro negro. Há alguns problemas de ordem técnica, a profundidade significa pressão elevada e o sal nessas condições tem comportamento plástico, lembrando gelatina. Para manter aberto o canal de escoamento será preciso escorar as paredes, como num túnel de metrô. Obviamente nossos engenheiros acharão a solução, são craques, mas ninguém sabe se o investimento será compensador. Ou seja, poderemos gastar mais para tirar o óleo do será apurado com a venda. O Brasil é diferente dos países que vivem da exploração petrolífera. Jamais seremos membros da OPEP, não é nossa vocação. Devemos tirar o óleo que precisarmos. E guardar o que sobrar como reserva estratégica. Claro que uma parte pode ser exportada e financiar projetos de educação e saúde, como quer o presidente Lula. Vou finalizar lembrando do México que esgotou suas reservas a 2 dólares o barril e agora paga dezenas de vezes esse preço para impulsionar o país. O maior comprador do petróleo mexicano, os Estados Unidos, continuam mantendo suas reservas intocadas.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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