O governo vai socorrer a mídia, através do BNDES. Vai abrir os cofres e distribuir caminhões de dinheiro, saídos dos bolsos dos trabalhadores. O banco, cuja função é fomentar o desenvolvimento econômico e social, funcionará como extintor de incêndio. Vai apagar o fogo ateado pela insensatez. Em eras tucanas, o Brasil mudou temporariamente de hemisfério, ficou rico e chique. Aventureiros, sem medir riscos, embarcaram na primeira canoa encontrada. Queriam chegar antes. Seriam os únicos a desfrutar os favores das virgens. Logo ali, na outra margem. A canoa estava furada. Súbito, o naufrágio iminente. Quiseram tudo. Arriscaram. Perderam. Nós vamos pagar. O capitalismo brasileiro é, como tudo o que acontece abaixo da linha do Equador, do avesso. Capitalismo moreno. Capitalismo linholene. "Parece linho, mas é Linholene". Toalhinha de plástico vagabunda. Capitalismo selvagem para a maioria, generoso para os de sempre. Amigos do rei. Muito generoso. O capitalismo, desde que sejam respeitadas certas regras, segue as leis de Darwin, sobrevivem os mais aptos. No Brasil não é bem assim, na verdade o Brasil nem pode ser considerado um país capitalista. Os grandes detentores de capitais sempre estiveram e sempre estarão atrelados ao governo, dependem dele, são naturalmente incapazes. No Brasil desconhece-se o risco do investimento, só se arrisca dinheiro do governo. Somos na verdade uma nação socialista. Socializamos os prejuízos. Prejuízos de poderosos sem talento. Parasitas que têm um cofre sem fundo à disposição. Quando há lucro, tome iates, jatinhos, Paris, Nova Iorque e todo o vazio presente nas colunas sociais. Em caso de prejuízo, BNDES. A TV Globo está no centro das discussões. É uma empresa das mais competentes e sérias que há no mercado. Foi construída por profissionais talentosos e emprega gente da melhor qualidade. Infelizmente é uma exceção. Ilha de tranqüilidade em meio ao mar revolto. Merece atenção especial. O correto seria mudar os controladores e manter a televisão no ar. Na prática, continuarão os mesmos donos, cujas dívidas serão zeradas. Daqui há dez ou vinte anos, começará de novo a história. Uma nova geração de incompetentes à beira da bancarrota, será socorrida pelo governo do momento. Socialista ou não, de esquerda, de direita, de centro, ou de alguma tendência nova, que por acaso venha a surgir. Governos são todos iguais. Governam para poucos, governam contra o Brasil. Um dia a casa vai cair!
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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