Meu amigo trouxe uma garrafa de absinto da Turquia. Tomei duas doses e fui passear nas imediações da Fundart. Gosto do Casarão do Porto, quando virar fantasma vou ver se alugo um espaço por lá. Quero assombrar o sótão, sei que o piso de madeira rangedora é excelente para arrastar correntes. Depois de verificar os canhões fui para a orla e bem perto do mar tive a sensação de ver duas figuras conhecidas conversando. A névoa densa pode ter me confundido, pareciam o Thomas De Carle e o Clodovil, o que é impossível. Cheguei à conclusão que eram duas pessoas que se pareciam com eles. Tentei me aproximar, quanto mais eu andava mais eles se afastavam. A distância que nos separava permanecia constante. Aumentei a velocidade, eles fizeram o mesmo, só então me dei conta dos ratos. Tive a impressão que era sobre isso que falavam e gesticulavam. A região do entorno da “feirinha” está tomada por roedores. Grandes, enormes, gordos. Está na hora dos gatos e no devido momento, dos cachorros, até chegarmos ao olho do tigre, que tudo vê e nada revela. Se os gatos não resolverem podemos usar ratoeiras. Ou caninanas, posso alugar a Silvia, que chegou pequena e já tem quase três metros. Faço preço de ocasião.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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