Esse foi o tema que abriu a série de conferências programadas pelo Projeto “Câmara do Saber”, patrocinado pelo vereador Americano. O tema foi desenvolvido pelo Professor Maurílio, da Unitau (Universidade de Taubaté). Vou tentar, resumidamente, apresentar os principais tópicos apresentados. Abordando o tema de uma perspectiva filosófica, se remeteu à Heráclito, para quem o conflito faz parte da essência do ser humano. Essa idéia permanecerá em muitos pensadores posteriores como Marx, Piaget, Paulo Freire e Freud. Da tensão é que nasce a harmonia. A lei surge para manter o conflito em níveis civilizados, sob controle. Muitos acham que a escola antiga era boa porque não existiam os conflitos como hoje, mas na verdade era uma educação elitista, restrita a poucos. Os conflitos eram mantidos debaixo do tapete, sob o manto de uma disciplina militar. A democratização da escola foi um avanço, mas a perda de referências e a relativização dos valores trouxe a indisciplina. É necessário recuperar alguns valores: a convivência, o respeito e a tolerância. No entanto, essa tolerância não é ilimitada. Para que o grupo sobreviva é necessário que algumas regras sejam respeitadas. Há momentos em que o não é necessário. Não pode ser uma tolerância passiva, indiferente, em que há o medo de enfrentar o outro. É necessário marcar a diferença entre as pessoas e seus valores e, através do diálogo, mediar os conflitos e se chegar a uma solução civilizada, pois cada um tem uma imagem de si e quer ser reconhecido e respeitado. É necessário que a escola não escamoteie o conflito, colocando-o em discussão, numa atitude preventiva. Também é necessário que a escola não fique numa postura de competência técnica mas crie um espaço de amorosidade. O auditório estava bem cheio e o público formado por professores e estudantes de pedagogia seguiu com bastante interesse. A próxima conferência (na Câmara Municipal de Ubatuba, rua Hans Staden, 467 – Centro), será no dia 08/04, a cargo do Professor Carlos Eduardo Rezende, que abordará o tema “Eu público e eu privado”.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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