Antigamente, a hegemonia, isto é, o poder de um grupo sobre outro, era conquistado pela força física ou pelas armas. A evolução da sociedade trocou a luta com armas pela luta com palavras, pela elaboração de consensos e consolidação dos direitos e deveres de todos em leis escritas. Para conquistar corações e mentes e se perpetuar no poder, o grupo dominante usa todos os recursos disponíveis levando para toda a sociedade uma imagem de si que seja aceita por todos: de heroísmo, de bondade, de honestidade. Em lugares públicos e de grande movimento são instaladas fotos e estátuas; ruas, prédios e salas recebem o nome dos detentores do poder; músicas e enredos de carnaval são criados. Essa mistificação tem sido denunciada por historiadores, que inclusive denunciam “o rabo preso” de historiadores com os detentores do poder porque, geralmente eram mantidos por alguém que tinha dinheiro ou poder. Contra essa corrente da história, uma outra corrente tenta interpretar os acontecimentos a partir da visão dos oprimidos, estimulando-os ao registro de seus atos. Hoje, no Brasil, há indígenas que aprenderam e estão documentando seus costumes e acontecimentos em áudio, vídeo. Ao se sentir ludibriado por todos e sem acesso à justiça, o povo reage como pode: com violência, satirizando os poderosos ou usando das mesmas armas, o jeitinho brasileiro de sempre levar vantagem. É necessário acompanhar os atos e as atitudes das autoridades e sempre denunciar os desvios, exigindo que todos cumpram com o seu dever e respeitem os demais. É necessário se articular com movimentos como a Transparência Brasil, o Voto Consciente e a AMARRIBO - Amigos Associados de Ribeirão Bonito. O saneamento básico entra em discussão De acordo com essa visão, no dia 17, a Srª Elisabete, do Perequê-Açu usou a tribuna popular, na Câmara Municipal de Ubatuba, para reclamar do abandono do bairro, especialmente no que se refere ao saneamento básico. Apesar de estarmos no século XXI, ainda é necessário vereadores solicitarem a instalação de água encanada, bem essencial necessário à vida. Essa foi a deixa para o vereador Americano mencionar o fim do contrato da SABESP e a necessidade de renegociá-lo exigindo melhores condições de funcionamento ou simplesmente não renovar o contrato. Contra essa ameaça, o vereador Rogério Frediani teceu elogios à SABESP como a quarta maior companhia de saneamento do mundo e que vem enfrentando problemas em Ubatuba porque as empreiteiras enfrentam dificuldades com o tipo de solo e com o lençol freático. Se a Prefeitura, que é responsável pelo saneamento básico do município, contrata a SABESP e esta contrata companhias que não tem competência técnica, a SABESP tem que prestar contas à Prefeitura e esta tem que prestar contas à população, pois Ubatuba não pode continuar a sofrer por essa incompetência. Se a SABESP tem toda essa competência, por que não conserta as ruas onde faz reparos de canos? Na Pedreira, o calçamento foi feito pelos moradores, mas cada vez que a SABESP faz algum reparo no encanamento, faz questão de deixar a rua em pior situação, com mais buracos.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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