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COLUNISTA
Rui Grilo
13/02/2009 - 14h00
Dados mostram: oposição cresce em Ubatuba
 
 

Não existe vitória quando não existe igualdade de condições da disputa, quando um vai de moto e o outro de bicicleta, quando um vai a remo e o outro com barco a motor. Vários atletas olímpicos passaram pelo vexame de terem que devolver as medalhas ou serem desclassificados quando se descobre que houve alguma fraude. Entretanto, nem sempre na política acontece o mesmo e há políticos que sofrem processo há mais de dez anos e até hoje não foram punidos.

Quando o PT apareceu demorou a se consolidar como uma opção. Lula concorreu várias vezes e perdeu. Mas não desistiu e conseguiu vencer. E hoje está com os melhores índices de aceitação, tendo melhorado vários indicadores de qualidade, reconhecidos internacionalmente.

A representante da BBC no Brasil, afirmou em entrevista, que o Brasil não era pautado na grande imprensa européia, mas a partir da eleição de Lula, o Brasil passou a ser referência para vários povos.

Embora governasse poucas prefeituras, no encontro de Istambul sobre habitação, a maioria dos projetos reconhecidos como inovadores e premiados, eram de administrações petistas. Quem conheceu Diadema ou Guarulhos, antes dos governos petistas. há de se lembrar das condições precárias em que os moradores dessas cidades viviam. A ação do governo local mudou a maneira do povo se relacionar com o poder, tornando-se a cidade num grande espaço de aprendizagem da cidadania. E quando outro partido o sucedeu, não conseguiu voltar às antigas práticas populistas, em que aquilo que é de direito era distribuído como dádiva ou esmola. A população se tornou mais vigilante e exigente e já não aceitava mais como esmola o que é de direito.

Longe da militância política e sindical, as cidades do interior tiveram uma mudança mais lenta. Em 2000, disputando pelo PT, Tuzino teve 8.423 votos; em 2008, disputando pelo PSDB teve 2.528 votos. Em 2004, a vitória do Eduardo foi recebida com surpresa porque as pesquisas eleitorais davam como vencedor outro candidato. Não há como não reconhecer o apoio do PT como um fator determinante da vitória. No entanto, o casamento terminou na noite de núpcias, com o desrespeito às propostas de campanha.

Em 2008, coligado com o PTB, e com um índice de 2% no início da campanha, mesmo sem recursos para a produção de materiais, Maurício Moromizato chegou ao final com 10.173 votos. Se houvesse segundo turno provavelmente o resultado seria outro porque a soma dos votos dados ao segundo (que foram anulados) e ao terceiro ultrapassaram os votos do vencedor. Apenas observando os muros e cartazes e a quantidade de pessoas que trabalharam para o vencedor pode-se perceber que o poder econômico foi determinante para a vitória. E ainda soa estranho o fato de que nas cidades vizinhas tenha havido debates organizados por igrejas e associações e aqui tenha sido proibido.

Num universo de 55.967 eleitores, tendo a máquina e o poder na mão, ter menos de 20 mil votos pode ser um alerta para o governante sobre o que a sociedade pensa de sua administração.

Faz parte do jogo ganhar ou perder, mas o momento eleitoral foi importante para se conhecer melhor a cidade e seus problemas, sistematizando-os em planos gerais e setoriais de governo que orientam nossa ação enquanto cidadãos.

E para chegarmos a solucionar ou minimizar esses problemas, estamos abertos ao diálogo com todas as forças vivas da cidade. Tanto é que apoiamos o Projeto Lixo Zero, que está sendo apresentado na Assembléia Legislativa do Estado por uma deputada do PSDB e buscando o apoio do Alckmin e do Governo Federal.

E não adianta continuar a repetir como um disco riscado que o momento da eleição acabou porque, o fim do período eleitoral não quer dizer que a partir daí não temos o direito de expressar nossas opiniões e discordar da forma como a cidade está sendo governada.

O século XX viu a organização, o fortalecimento e o reconhecimento do direito das minorias, garantindo-lhes não só o direito de expressão mas de atendimento de suas necessidades. Assim, vias urbanas, prédios e instituições são adaptados para atenderem às necessidades daqueles que tem dificuldades de locomoção, de visão etc.

O governante não pode mais estar a serviço apenas de um grupo ou classe mas a serviço de todos, especialmente daqueles que mais precisam. Para isso é necessário o debate às claras para definição das prioridades.


Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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