Anteontem li um artigo do elegante Julinho Mendes no "O Guaruçá". Carnavalesco desde sempre, Julinho discordou da forma como a prefeitura está tratando a festa e foi chamado de feio. Feio, feio feio. Detalhe sem importância, julgamentos estéticos são pessoais. No texto Julinho reclama da oposição e chama às falas alguns conhecidos políticos que não estão fazendo o seu papel. De oposição. Palavra estranha nos meios políticos ubatubenses. Pergunte a qualquer pretendente ao trono o que é oposição e você terá uma surpresa. Nem mesmo os que se dizem membros da oposição sabem o significado do termo. E como diz o ditado: “Quem não sabe não faz”. A guisa de ajuda consultei o Aurélio, pai dos burros. Vamos lá: Oposição [Do lat. tard. oppositione.] (Substantivo feminino) 1. Ato ou efeito de opor(-se); impedimento, obstáculo, objeção. 2. Partido(s) político(s) contrário(s) ao governo. (O antônimo nesta acepção é situação) 3. Vontade contrária. 4. Antagonismo, contrariedade. 5. Contestação, réplica, refutação, objeção. 6. Contraste. Aí está. Para existir oposição é preciso que o vivente se oponha. Que seja do contra, que manifeste antagonismo, que exiba contraste. Para haver oposição é fundamental a existência de um projeto político que refute a situação. Projeto político? Vamos ver o que significa projeto. Projeto [Do lat. projectu, ’lançado para diante’.] (Substantivo masculino) 1. Idéia que se forma de executar ou realizar algo, no futuro; plano, intento, desígnio. 2. Empreendimento a ser realizado dentro de determinado esquema. Mais uma vez o Aurélio nos socorre. Executar ou realizar algo no futuro. Interessante, muito interessante. Para realizar tarefa desse quilate é preciso um norte político, aquilo que costumam chamar de ideologia. Em Ubatuba há apenas uma ideologia. A tomada do poder. Tanto faz este ou aquele, a prática é sempre a mesma. Os adoradores do rei também são sempre os mesmos. Aqueles que ontem defendiam com unhas e dentes a administração de Paulo Ramos hoje defendem com o mesmo ardor Eduardo Cesar. Em três anos estarão ao lado do novo chefe, seja ele quem for. Ideologia é mera abstração. Projeto então, nem se fala. De tudo o que foi dito e que pode ser constatado por qualquer cidadão, é possível afirmar que há um imenso vazio de idéias a permear a atmosfera da cidade. Um vazio tão profundo que só uma palavra para dar a sua exata dimensão. Vácuo. Não sabe o que é vácuo? O Aurélio explica. Vácuo Que não contém nada; oco, despejado, vazio. (Substantivo masculino) 2. Espaço, imaginário ou real, não ocupado por coisa alguma; lacuna, vão, vazio. Para finalizar, não culpem o prefeito pelo uso da imprensa. Ele não inventou tal prática, apenas tem repetido a ladainha de muitos anos. Sem criatividade, diga-se de passagem. A pretensa oposição é que não faz a lição de casa. Apesar de dispor de um canal para suas manifestações permanece calada como a Esfinge de Gizé. Pedindo para ser decifrada. Julinho fez uma predição que vai ser realizada. Com a oposição que há o grupo de Eduardo Cesar poderia ficar eternamente no poder. Só não vai acontecer por que os homens que o rodeiam mudarão de poleiro assim que o novo galo cantar. Uma vez entronado o rei se sentirá majestoso. Lindo e pimpão. E romperá com o passado. É da vida, quem estiver no planeta verá. Fico feliz com o restabelecimento do Ditinho.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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