Lutar com palavras parece sem fruto. Não têm carne e sangue Entretanto, luto. Carlos Drummond de Andrade Parlamento é a câmara legislativa, nos países constitucionais. Parlamentar quer dizer entrar em negociações, conferenciar. Deriva de parlar, que significa falar. Resolver conflitos através da fala, da conversa, do diálogo é próprio das sociedades civilizadas em que, os direitos e deveres de todos são negociados para que haja um consenso e todos obedeçam, como diz a nossa Constituição: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...” O contrário de uma sociedade civilizada é a barbárie, em que funciona a lei do mais forte e o mais fraco não tem direitos. Para se defenderem dos mais fortes, os fracos tiveram que se unir, assim como o homem que, mais fraco que alguns animais, se junta em grupos para caçá-los, domesticá-los ou usá-los como alimento. A invenção de armas poderosas tornou mais forte quem as possuía; isso talvez explique a dominação dos índios pelos portugueses. As armas de fogo eram mais eficientes que as flechas. Assim, o conhecimento, cada vez mais se tornou importante para o desenvolvimento de tecnologias. E quem tem tecnologia tem poder. Mas essa tecnologia se transformou num risco para todos pois se uma pessoa desequilibrada assumir o poder pode destruir toda a terra. Daí a necessidade de acordos de limitação das armas e do poder do governante. Para se chegar a consensos e estes se transformarem em leis há necessidade de negociação e de muita discussão para que um grupo não prejudique o outro. Então, é muito estranho uma pessoa inteligente criticar que os grupos perdem muito tempo em discussões. Elas são necessárias e todos devem ser ouvidos. Para a manutenção, transformação e melhoria da qualidade de vida são necessárias muitas ações ao mesmo tempo e uma não exclui a outra. Quem não pode plantar uma árvore, pode manter uma calçada gramada, pois a grama também colabora para a qualidade do ar e manutenção do solo. O simples cultivo de vasos traz alegria e felicidade, não só para quem cultiva, mas também para quem aprecia o resultado, enchendo de cores o ambiente. Cada vez mais a pactuação de atitudes e decisões envolvem não só o presente mas o futuro da humanidade. E o instrumento dessa mediação é a palavra, um dos maiores dons do ser humano, quando bem usado. O conhecimento sem ética pode ser um instrumento de dominação e destruição. Então, é muito estranho quando as pessoas, além de se omitirem das discussões, ficam criticando quem participa. Muitas vezes a discussão não gera resultado porque quem tem o poder e o dinheiro para mudar não quer ouvir e, abusando do poder acaba com o jogo levando a bola embora. Só vai ouvir quando ficar sozinho e não tiver com quem jogar. Por isso é necessário pensar muito para dar a bola para quem não tem ética e nem tem espírito de diálogo, querendo sempre estar na berlinda, atitude típica e passageira de adolescentes.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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