Meu rádio não pega a Costa Azul; então tomei contato com o destempero do prefeito através de várias pessoas que ouviram e comentaram. Quando atendi o telefone uma amiga pediu para ligar na Costa Azul que o prefeito estava “descendo o sarrafo”. É fácil ter essa atitude quando o espaço não está aberto para o outro se defender. Por que não compareceu ao debate na Câmara Municipal? Hoje, um dos grandes problemas que enfrentamos na escola é a falta de respeito e a desqualificação do professor. Como os adolescentes podem ter respeito se a classe do magistério, além dos baixos salários é desqualificada pelos próprios governantes? O prefeito se referiu a mim como professor “aloprado” e a outro professor, ex-secretário de Educação, como professor “acerola”. Esse tipo de comportamento é próprio de quem não tem propostas porque o que nós temos questionado é a forma de governar. E em nenhum lugar está escrito que quem perde uma eleição não pode falar mais nada, não pode apresentar propostas para a cidade em que vive. É isso que o prefeito e seus auxiliares vivem a repetir como um disco riscado. Na Pedreira, a população foi convocada para receber informações sobre o congelamento através do vereador Americano. No final da reunião eles disseram que não tinham nada de novo. Isso é um desrespeito ao povo. Quando protestei contra essa atitude, o secretário de Assuntos Comunitários disse que as eleições acabaram e que eu estava a fim de tumultuar. O prefeito pode alegar que não se referia a mim, se não tiver coragem para enfrentar os fatos, mas é fácil identificar qual professor ele recomenda que a família encaminhe para tratamento psiquiátrico porque quem passou pelo calçadão ou na Câmara Municipal no dia 27/01 viu qual professor estava coordenando as atividades. Aliás, todos os meus questionamentos escritos tem sido assinados ou assumidos de viva voz como fiz na assembléia da Pedreira e no lançamento do Projeto “LIXO NA REDE’. Todos sabem que o prefeito era professor e esse é o respeito com que ele se refere a sua própria classe. Aliás, classificar quem pensa diferente de desequilibrado é próprio dos regimes fascistas, daqueles que se acham superiores ao povo que os sustentam nos cargos. E ainda dizem que a sociedade civil precisa somar e não criticar, precisa ser proativa. É fácil implantar projetos, ainda que estes penalizem os cidadãos, para quem é pago pelo povo e tem todos os recursos humanos e materiais. O difícil é exercer a cidadania, como faz a sociedade civil, sem ganhar nada, sacrificando seu tempo e trabalho para dialogar com aqueles que não querem e que usam todos os recursos para destruir as vozes discordantes. Como diz o Chico: “Apesar de você amanhã há de ser outro dia. Eu pergunto a você onde vai se esconder Da enorme euforia? Como vai proibir Quando o galo insistir em cantar?”
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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