03/01/2009 - Faz tempo que não pego um congestionamento. Há três meses fui a São Paulo para não perder a embocadura. Em Ubatuba nunca tive problemas com o trânsito, quando a cidade está cheia ando a pé. Se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha, o congestionamento veio a mim hoje de manhã. Veio mas não me pegou. Precavido, matei dois coelhos com um único disparo, caminhei para manter a forma e comprei peixe. E de quebra tive a oportunidade de sentir a emoção do trânsito parado. Aquele calor de fritar ovos no asfalto e os carros enfileirados, queimando gasolina e emitindo poluentes. Foi emocionante, lembrei-me da vida urbana, meus olhos marejaram, estão desacostumados aos gases da civilização. Caminhar faz bem aos ossos e dá tempo para tudo, desde encontrar amigos até ir à feira comer pastel. Estava supimpa, quase comi o segundo. Na entrada do Sítio Ressaca os carros estavam parados, tanto os que iam às praias como os que delas voltavam. Um motorista afoito trafegava pelo acostamento e quase me atropelou. Deve ter ficado bravo comigo, reles pedestre cheio de sacolas atrapalhando o bólido de 100 mil reais. Na segunda-feira ele irá ao escritório bronzeado contar prosa. Espero que vá, pois apressado como estava pode ter virado estatística. No jornal da noite vou saber das estradas. Todo esse alvoroço em nome da felicidade. Fugaz, transitória e efêmera felicidade. Almocei filé de pescada empanado com salada de palmito. Um momento feliz. Viver é tão simples, por que as pessoas complicam?
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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