Em passado recente as multas de trânsito na Banânia eram tão inconseqüentes que os habitantes preferiam estacionar em local proibido. O custo final e a comodidade indicavam a transgressão como a melhor opção. A Justiça Eleitoral da Banânia de hoje, em certos momentos, lembra o trânsito de outrora. Dou um exemplo. Imagine o leitor que o prefeito de uma determinada cidade, concorrendo à reeleição, decida fazer propaganda antecipada através de outdoors. A mensagem exibida é sub-reptícia, propaganda eleitoral claríssima e pela quantidade dos cartazes, dispendiosa. A Justiça então se faz presente, os cartazes são retirados e o infrator é obrigado a pagar uma multa. Sobre a multa podemos dizer que em termos absolutos pode até ser considerada alta, 21 mil conchas em terra de salário mínimo de 380 conchas. No entanto, face aos custos da propaganda e do resultado desta, que cumpriu integralmente a função, a punição pecuniária acaba sendo irrisória. Algumas conchas por dia por outdoor exibido. Nesse caso o infrator paga, faz cara de vítima e na hora de dormir encosta a cabeça no travesseiro e sorri satisfeito. Fez propaganda, gastou dinheiro público, vendeu sua imagem e tudo vai continuar como d’antes no Quartel de Abrantes. Esta história é pura ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, o Brasil é um país sério e em nada lembra a Banânia.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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