Há alguma coisa de insano no ato de torcer para que um evento ocorra ou não ocorra. Não é racional, não é científico, não é próprio do gênero “sapiens”, fica por conta daqueles que tendo dificuldade para vivenciar o concreto buscam conforto na magia. As crendices populares vicejam onde há falta de educação formal e constituem uma ótima ferramenta para tentativas de acobertar erros. Quando não dá certo é simples. Basta culpar alguém imaginário, um grupo que torce contra está de bom tamanho. E depois usar e abusar dos parcos meios de comunicação e perder horas preciosas falando, falando, falando, falando, falando, falando, falando... Na técnica parlatória repetitiva, papagaiesca, uma tática aparentemente eficaz é citar premissas verdadeiras e arrematar com uma falácia. Funciona em termos, na hora parece que a platéia acreditou, depois de algum tempo a verdade emerge. Dou um exemplo: Kaká, como jogador do Milan, viaja muito. Kaká fala fluentemente três idiomas. Kaká já preencheu cinco passaportes. Conclusão: Kaká daria um ótimo piloto. Três premissas verdadeiras não são suficientes para sustentar a conclusão, totalmente falsa, Kaká não entende nada de aviação e para ser piloto teria de estudar muito. Se torcida funcionasse o Corinthians não estaria na segundona. Eu freqüento Ubatuba há quarenta anos, eu a vi charmosa e elegante e sinto imensa tristeza ao ver as transformações que vem sofrendo. Breguice e mau gosto sobram nas danças da boquinha da garrafa da praia Grande. Obra de governos recentes. Poderíamos até criar um novo slogan para a cidade. “O que Ciccillo construiu os sucessores demoliram”. Infelizmente minha torcida não funciona, os políticos que impedem o progresso e não enxergam o óbvio vão continuar fazendo lambanças. Falta compromisso. Torço muito por Ubatuba. Cada vez mais. Tenho esperanças, sou otimista, embora saiba que torcer é insano... Precisamos mudar. Dois mil e oito é o ano das mudanças. Muda Ubatuba!