Celso Teixeira Leite      Edson Cellulari e Manoel Esteves da Cunha Junior

Morreu, no dia 26 de março, em São Paulo, Manoel Esteves da Cunha Junior, chamado pelos amigos de Neco. Embora não tendo a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, me era familiar, trabalhei intensamente nos últimos três meses pesquisando a vida de Ciccillo Matarazzo em Ubatuba. Eu estava escrevendo a série "Ciccillo. Um coração em Ubatuba" do Correio do Litoral. Onde encontrasse o nome de Ciccillo, logo o de Neco era associado. Três meses lendo, ouvindo e falando de uma pessoa, ela acaba parte de nossa vida. Quando conversamos via telefone, pela primeira vez, Neco não me conhecia, eu, pelo contrário, sabia muito dele, era como se fossemos velhos amigos. Tínhamos agendado uma entrevista para esses dias, ele iria me contar coisas de seu personagem favorito, Ciccillo Matarazzo. O estado de saúde agravou-se desde nosso último contato, quando falamos, ele acabara de sair do hospital. Neco propôs que nos encontrássemos no prédio da Bienal, onde ajudou Edson Cellulari a compor o personagem da minissérie "Um só coração", que está no ar na Globo. Não deu tempo, Neco deve agora estar reunido com Ciccillo, Toledo Pizza, Seu Filhinho e outros que já foram, deixando uma obra marcante. Na série, publicamos uma foto mostrando Neco e Celulari conversando, o ator queria compor o melhor Ciccillo possível, conseguiu graças ao seu inegável talento. Ajudou a contribuição de Neco, a maior autoridade em Ciccillo além de Ciccillo, quem sabe Iolanda e, certamente, Malvina. Uma dica aos produtores: Ciccillo sem gravata borboleta não é Ciccillo. Ele se sentia nu sem ela. Neco, além de trabalhar com Ciccillo desde os anos da década de 1950, foi proprietário do jornal "O Atlântico", que circulou no Litoral Norte entre 1964 e 1969. Ubatuba deveria decretar luto oficial. Morreu alguém que se dedicou ao aprimoramento da cidade. São raros.