Durante muito tempo ninguém duvidou do mantra socialista que afirmava ser a pobreza a principal causa do crime. No início da vida adulta acreditei nisso com todas as forças de meu ser, coloquei minha alma a serviço da causa nobre do socialismo. Um dia iríamos mudar tudo, as oportunidades seriam iguais, apenas os melhores se destacariam. O paraíso era possível. Quando avancei no conhecimento de matemática comecei a duvidar da tese da pobreza. Nas favelas do Rio de Janeiro e da periferia de São Paulo vivem milhares de pessoas. A maioria trabalha, paga impostos e segue vivendo, apesar das dificuldades que há. Os que optam pela vida criminosa são estatisticamente irrelevantes. Pensando nisso fiquei estarrecido ao tomar conhecimento da extensão da corrupção no Judiciário. Realmente não é a pobreza que leva ao crime. Juízes e Desembargadores ganham bem. É a atitude em relação à vida que coloca no mesmo patamar um juiz corrupto e um assaltante de bancos. Com um agravante. Salvo raríssimas exceções, o juiz chegou lá via berço de ouro. Quando um magistrado adentra pela seara do crime de corrupção, é porque lhe falta caráter, hombridade, seriedade e senso de ética. E sua falta é duplamente vil, pois engloba uma dose alentada de hipocrisia. Julga os outros pelos mesmos deslizes que comete. Merece condenação. Dos homens e de Deus. Esta última com a sentença firmada por antecipação: "Inferno, em regime fechado. Sem direito à condicional".
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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