O que é a vida? Pergunta de difícil resposta, eu sinceramente não sei. Sei apenas que é uma situação transitória, de curta duração. Ocupados na luta pela sobrevivência acabamos nos esquecendo de que é o único bem que realmente possuímos. Quando ela termina de nada adianta ser famoso, rico, bonito ou jovem. Acaba tudo, sonhos, projetos, já não há arrebatamento, já não há ilusão. Já não há. Tenho pensado no bárbaro assassinato ocorrido no Rio de Janeiro, onde um menino foi arrastado por sete quilômetros até ficar reduzido a um amontoado de carne e sangue, irreconhecível como um ser humano. Não dá para mudar de estação, está em todos os jornais, no rádio, na televisão, na Internet, é do que se fala. Durante muito tempo teremos o desprazer de assistir intermináveis discussões sobre maioridade e penalidades. Sempre iguais, com os mesmos argumentos a favor e contra. Enquanto se discute, a barbárie vai sendo assimilada e os assassinos que comemoraram o trucidamento como uma façanha, acabarão reduzidos a vítimas do sistema. O fulcro da questão é que um ser humano foi morto, roubado, espoliado, perdeu tudo. Dele foi tirada a chance de crescer, de amar, de sofrer, de ter filhos, até de morrer naturalmente. Ele já não existe, restam despojos, átomos indestrutíveis que se combinarão em outras formas, quem sabe em outras vidas. Onde tudo isso vai parar?
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
|