Em Ubatuba há muito tempo se discute a construção de atracadouros para navios de grande porte. Com isso a cidade teria como atrair os tão decantados e desejados cruzeiros marítimos. O imaginário ubatubense tem como certo que ao fundear em nossas águas as reluzentes embarcações despejarão hordas de turistas ávidos por consumir. Parece bom demais, mas há algumas considerações a fazer. Sem dúvida existem cruzeiros caros e exclusivos, destinados àqueles que gostam de luxo e podem pagar para desfrutar dele. Ubatuba certamente não será visitada por esses viajantes, a cidade não faz parte dos roteiros marítimos tradicionais e os adeptos de cruzeiros costumam ser conservadores, não se dispondo a experimentações. Nossos visitantes virão provavelmente de cruzeiros destinados à classe média, que adora viajar na companhia de cantores decadentes e compra passagens através de financiamentos a perder de vista. Nada contra esses viajantes, são gente como a gente, pessoas de bem, que trabalham duro o ano inteiro, pagam impostos e viajam uma vez por ano. Com o dinheiro calculado para as férias, cada real, cada centavo de real. Ao atracar aqui os navios nos brindarão com cardumes de turistas curiosos simpáticos cheios de interjeições de espanto e pouco dinheiro no bolso. Gente que vai usar a infra-estrutura da cidade e deixar trabalho para as equipes de limpeza, o que terá um custo para o município. Antes de tomar uma decisão é importante avaliar os prós e os contras. Vamos ganhar ou perder com os navios que aqui aportarão? Está aberto o debate.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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