19/04/2025  22h32
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
COLUNISTA
Sidney Borges
02/01/2007 - 17h18
Invasoras aladas
 
 

Elas chegaram de forma sorrateira, como quem não quer nada e foram se instalando. Agora moram em minha lareira. Quando construímos a casa, no século XX, minha mulher quis lareira, Ubatuba é muito úmida, disse ela, o fogo vai ajudar a secar o ambiente. Além disso, havia dias frios, raros é verdade, mas capazes de justificar a obra. Neste século XXI o clima mudou de forma acentuada, o mundo está esquentando e secando e com isso a lareira resultou útil apenas no Natal, quando Papai Noel desce pela chaminé, dá a tradicional risada ô, ô, ô e parte para destino ignorado. Ultimamente nem mesmo tem deixado presentes. Mas quem foi mesmo que chegou e está morando na lareira? Andorinhas. Barulhentas andorinhas. Quando essas minúsculas e inoportunas hóspedes resolvem conversar, ou protestar, o barulho é insuportável. Meu cachorro vez por outra fica perturbado e late furiosamente, o que em nada contribui para que eu continue ouvindo Tony Bennet. Num desses momentos ruidosos resolvi que era hora de agir. Desliguei o som e procurei o especialista em pássaros Carlos Rizzo, que me aconselhou a queimar serragem úmida para produzir fumaça. Elas irão embora, ele me garantiu. Fiquei imaginado a partida, malinhas desarrumadas, confusão, gritaria e elas decolando e provavelmente tossindo, se é que andorinhas tossem. Vacas tossem, senão ninguém diria: nem que a vaca tussa. O Rizzo, que entende horrores de andorinhas, me contou que essas que fazem ninhos em lareiras são migratórias, originárias dos Estados Unidos, de onde vêm para fugir do inverno. Quando o tempo começa a esfriar retornam aos campos onde Lincoln passeou antes que Booth lhe estourasse os miolos. Eu já estava providenciando a serragem quando Rizzo me disse que provavelmente deve haver filhotes recém-nascidos. Como expulsar crianças, ainda que com penas, não faz parte do meu repertório, resolvi esperar o tempo esfriar. Depois que elas partirem vou colocar uma tela de arame na chaminé. No ano que vem terão de procurar outra lareira. Por enquanto o barulho continua. Nos momentos críticos eu costumava bater palmas e gritar: calem a boca, ou então: fechem os bicos. Não funcionou. Agora que eu soube que são americanas vou experimentar: shut up. Quem sabe dá certo...


Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
ÚLTIMAS DA COLUNA "SIDNEY BORGES"Índice da coluna "Sidney Borges"
27/01/2010 - 17h10 Retratos do cotidiano
07/11/2009 - 12h09 Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada...
18/10/2009 - 06h01 Ubatuba em estado de alerta
29/09/2009 - 17h00 Turismo e educação
25/09/2009 - 17h11 Crônica esportiva
02/09/2009 - 17h01 Trivial da culinária revolucionária
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.